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Coréia do Norte é pior país para liberdade de imprensa
Em ranking da organização Repórteres Sem Fronteiras, Brasil fica em 75º, e EUA, em 53º
Assassinatos de jornalistas, intimidação e barreiras à informação são levados em conta; era Bush é ruim para jornalismo investigativo
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Coréia do Norte ficou em
último lugar no ranking de liberdade de imprensa elaborado pela organização Repórteres
Sem Fronteiras, que será divulgado hoje. O Brasil ficou em 75º
e os Estados Unidos, 53º.
A organização, que defende a
liberdade de expressão e de imprensa, com sede em Paris, usa
uma rede de 130 jornalistas, colaboradores e ativistas pelos direitos humanos para elaborar a
avaliação desde 2002.
"Levamos em conta assassinatos ou prisões de jornalistas,
ameaças e atentados contra
meios de comunicação, assim
como a existência de monopólios da mídia ou do acesso à Internet", disse à Folha a jornalista francesa Lucie Morillon,
chefe do escritório americano
da Repórteres Sem Fronteiras,
em Washington.
"A finalidade é mostrar
quanto os governos e a Justiça
de cada país ainda têm a fazer
para garantir a liberdade de
imprensa, e até estimular uma
competição."
Se os piores colocados são ditaduras onde não é permitida
mídia alternativa à estatal, como Coréia do Norte, Turcomenistão, Eritréia, Cuba, Mianmar e Irã, as surpresas são as
más colocações de democracias como França (35º), EUA
(53º) e Brasil (75º).
Em relação ao Brasil (71º em
2005), o relatório cita os assassinatos do jornalista Ajuricaba
Monassa de Paula, no município fluminense de Guapimirim, em briga com um vereador
da cidade, e do radialista José
Cândido Amorim Pinto, que
apresentava um programa em
uma rádio comunitária em que
denunciava corrupção na Prefeitura de Carpina (PE).
Também são citadas no relatório ameaças a jornalistas e
intimidação a meios de comunicação em Tocantins, Santa
Catarina e Ceará.
"Escrever sobre temas sensíveis, como corrupção, narcotráfico e desflorestamento, pode ser muito perigoso, fora das
grandes cidades do Brasil", diz
Morillon.
Bush e as fontes
Os Estados Unidos, que, no
primeiro ranking, há quatro
anos, ocupavam a 17ª posição,
foram caindo até a atual 53ª
(44ª em 2005).
"Com o pretexto da segurança nacional, o governo Bush
tem limitado o acesso à informação, e qualquer repórter investigativo é transformado em
suspeito", diz Morillon.
Para ela, os vários casos de
jornalistas presos ou ameaçados de prisão por não revelarem suas fontes mostram que a
Justiça "também tem limitado
a liberdade de imprensa".
"A confidencialidade das fontes é uma das pedras fundamentais do jornalismo investigativo e está ameaçada no momento nos EUA".
O informe cita o caso do freelancer Joshua Wolf, que se negou a entregar um vídeo de uma
manifestação antiglobalização
durante a cúpula do G8 no ano
passado, em San Francisco.
A Argentina também é citada
negativamente, por atitudes do
governo do presidente Néstor
Kirchner de limitar o acesso à
informação, perseguir jornalistas ou cortar verbas de patrocínio a meios críticos ao governo.
A Dinamarca, que ficou no
topo do ranking no ano passado, caiu para o 19º lugar por
causa das ameaças surgidas
após a divulgação de charges
que satirizavam Maomé em um
jornal dinamarquês. Jornalistas tiveram que solicitar proteção policial pela primeira vez
no país nos últimos anos.
A Rússia (147º) é um dos destaques negativos do ranking. É
citado o assassinato da premiada repórter investigativa Anna
Politkovskaya, no último dia 7.
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