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ARGENTINA
Novo mausoléu de Perón é reaberto para checar corpo
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
O descanso eterno do general Juan Domingo Perón
(1895-1974), três vezes presidente da Argentina, foi perturbado mais uma vez na
manhã de ontem, quando
seu recém-inaugurado mausoléu foi reaberto para verificar se seus restos mortais
realmente estavam lá.
Autoridades certificaram
que sim -ali estava o corpo
do general, o mesmo que, em
1987, teve as mãos roubadas
por alguém que violou sua
sepultura.
Depois do turbulento
translado que durou 12 horas
no último dia 17 -com manifestações descontroladas de
choro (de pessoas que acompanharam o desfile do caixão
por Buenos Aires) e de violência (de grupos sindicais
rivais cuja disputa culminou
em tiros, pedradas e garrafadas)-, havia o temor de que
algo houvesse ocorrido com
o corpo.
Também havia especulações de que estivesse vazio o
caixão que foi seguido pelo
povo até a quinta que pertenceu a Perón e que foi transformada em museu em San
Vicente (ao sul da capital argentina). Agora, haverá proteção da quinta e do mausoléu por duas forças policiais.
Já são dez os detidos por
ter participado da violenta
briga entre sindicalistas na
quinta, que deixou cerca de
50 feridos. O quebra-quebra
começou porque sindicatos
rivais disputavam um lugar
melhor para acompanhar o
evento.
Hooligans
A polícia, a Justiça e a Promotoria relacionam a briga à
onda de violência no futebol
argentino. Muitos dos que
brigaram são apontados como membros de torcidas organizadas e tidos como "encrenqueiros" contumazes.
Na última semana, uma
partida foi interrompida
após um jogador ser ferido
por uma pedrada, e uma ordem judicial impediu um jogo entre Boca Juniors e Racing por risco de violência.
Um dos homens que atirou
contra a multidão durante o
funeral -além de ser funcionário do kirchnerista Hugo
Moyano, presidente da CGT
(Confederação Geral do Trabalho), a central sindical que
organizou o novo funeral de
Perón- foi ligado a eventos
violentos em estádios.
Cem torcedores do time
Independiente se reúnem
semanalmente no sindicato
dos caminhoneiros, também
comandado por Moyano, e
recebem dinheiro da entidade. Moyano, por sua vez, recebe repasses de dinheiro da
Casa Rosada.
Segundo a revista semanal
argentina "Notícias", o presidente Néstor Kirchner disse
a um senador que o episódio
de San Vicente o faria "perder um milhão de votos".
Para Kirchner, houve
complô contra o governo, e
pessoas foram contratadas
para criar confusão na cerimônia -na qual ele planejava discursar, mas acabou desistindo após a eclosão da
violência. A tese, porém, perde força com o avanço das investigações.
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