São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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Economia patina, mas doação é recorde

Democratas e republicanos têm arrecadação inédita após mudança legislativa que facilitou remessas de empresas

Campanha para pleito parlamentar do dia 2 já custou US$ 3,5 bilhões; oposição a Obama leva vantagem financeira

Jae C. Hong - 16.out.10/Associated Press
Eleitores escolhem cartazes antes de comício republicano em Anaheim, na Califórnia; partido foi favorecido por uma mudança na lei de arrecadação

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Mais de US$ 3,5 bilhões foram gastos até a última semana por candidatos, partidos e grupos privados em campanhas ao Congresso dos EUA, quantia que vem beneficiando republicanos depois que uma mudança na lei permitiu doações anônimas de empresas.
O dado foi calculado pela ONG OpenSecrets, que monitora uso de verba em lobby e campanhas. O grupo prevê que o total chegará a US$ 3,7 bilhões, o que tornará as eleições para o Congresso deste ano as mais caras da história -abundância que destoa da situação econômica no país.
É um rio de dinheiro cuja nascente é difícil de ser apontada. A decisão da Suprema Corte que facilitou doações privadas no início do ano permite que corporações canalizem fundos para órgãos que não são obrigados a divulgar doadores, incluindo grupos partidários e a Câmara de Comércio americana.
Esta, ligada ao antigo assessor de George W. Bush (2001-09) Karl Rove, enviou US$ 7 milhões a republicanos só na semana retrasada.
O primeiro lugar coube a um dos centros burocráticos da oposição, o Comitê Nacional Republicano, que gastou quase US$ 12 milhões na última semana computada.
Dos dez maiores financiadores de campanha dos últimos dias, seis gastam exclusivamente em campanhas republicanas. Três dedicam 100% da verba a democratas, e um dividiu doações.
Seis grupos do ranking são privados e quatro são dos partidos. No total, republicanos foram agraciados com US$ 40 milhões, e democratas, com US$ 28 milhões.

VANTAGEM
Tradicionalmente mais alinhados a interesses de grandes empresas, os republicanos vêm contando com vantagens, após a mudança na lei, que não passaram despercebidas ao governo.
David Axelrod, assessor especial do presidente Barack Obama, afirmou que "obviamente há enorme vantagem para os republicanos, mas isso não é apenas uma ameaça [aos democratas]".
"Se alguém pode entrar num escritório do Congresso e dizer, "se você não votar como eu quero, ano que vem darei US$ 10 milhões a Karl Rove", que tipo de impacto isso terá no país?".
Para Axelrod, a própria democracia está a perigo.
A diferença geral vem acentuando para o lado republicano, mas esse resultado varia quando consideradas campanhas específicas. Em algumas disputas apertadas, como para o Senado da Califórnia, os democratas arrecadaram mais.
Com pouco mais de uma semana para a eleição e todas as projeções apontando para ganhos republicanos, a acelerada financeira da oposição na reta final não é boa notícia para os democratas.


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