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WikiLeaks nega colocar tropas em risco
Em Londres, fundador de site afirma ter preservado envolvidos em vazamento referente à Guerra do Iraque
Documentos secretos divulgados anteontem denunciam conivência de militares dos EUA com tortura de presos
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, defendeu ontem a divulgação
de cerca de 400 mil documentos secretos sobre a
Guerra do Iraque que relatam
casos de torturas e mortes cometidas pela polícia e pela
Guarda Nacional iraquianas
e também por americanos.
Em entrevista, em Londres, Assange afirmou que
foram tomados todos os cuidados para que não haja risco para nenhum soldado envolvido nas operações.
O governo americano, porém, voltou a criticar o site.
O secretário de imprensa
do Pentágono, Geoff Morrell,
disse que a divulgação era
"vergonhosa" e que dava aos
inimigos chances de analisar
vulnerabilidades para programar novos ataques.
Já a secretária de Estado,
Hillary Clinton, afirmou que
era preciso condenar tudo o
que possa colocar em perigo
a vida de soldados ou civis
dos EUA e de seus aliados.
Em busca da reeleição, o
premiê do Iraque, Nuri al Maliki, apontou "objetivos políticos" na divulgação.
Os documentos -que vão
de 2004 a 2009, durante o governo de Maliki- mostram
que a tortura era usada pelas
forças iraquianas como instrumento de investigação e
também como revanche contra grupos de diferentes origens étnicas ou religiosas.
Muitos dos casos de tortura foram presenciados por
soldados americanos. Na
maioria das vezes, eles apenas apontavam nos relatórios que não havia investigações a serem feitas.
Em nota, o gabinete de Maliki disse que os documentos
são usados "contra partidos
e líderes nacionais, especialmente contra o primeiro-ministro". Disse ainda que os
dados secretos não comprovam as supostas violações de
direitos humanos.
A maior parte das supostas
vítimas das agressões é sunita, etnia que passou a apoiar
o ex-premiê Ayad Allawi, o
principal adversário político
de Maliki, que é xiita.
A coalizão laica liderada
por Allawi venceu as últimas
eleições legislativas, mas
não conseguiu maioria para
formar um novo governo, gerando um impasse.
Desde a divulgação dos
vazamentos, partidários de
Allawi têm afirmado que Maliki não pode ficar no cargo.
OMISSÃO
Segundo Phil Shiner, da
ONG Public Interest Lawyers,
ao não fazerem nada para
evitar ou denunciar essas torturas, os governos dos países
envolvidos na invasão do Iraque se tornaram cúmplices
desses crimes e precisam ser
processados.
Baseada em Londres, a
ONG pretende processar o
governo britânico com base
na legislação de direitos humanos do continente.
O WikiLeaks, que divulgou em julho 91 mil documentos sobre a guerra no
Afeganistão, promete mais
15 mil relatórios em breve.
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