São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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WikiLeaks nega colocar tropas em risco

Em Londres, fundador de site afirma ter preservado envolvidos em vazamento referente à Guerra do Iraque

Documentos secretos divulgados anteontem denunciam conivência de militares dos EUA com tortura de presos

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, defendeu ontem a divulgação de cerca de 400 mil documentos secretos sobre a Guerra do Iraque que relatam casos de torturas e mortes cometidas pela polícia e pela Guarda Nacional iraquianas e também por americanos.
Em entrevista, em Londres, Assange afirmou que foram tomados todos os cuidados para que não haja risco para nenhum soldado envolvido nas operações.
O governo americano, porém, voltou a criticar o site.
O secretário de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell, disse que a divulgação era "vergonhosa" e que dava aos inimigos chances de analisar vulnerabilidades para programar novos ataques.
Já a secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou que era preciso condenar tudo o que possa colocar em perigo a vida de soldados ou civis dos EUA e de seus aliados.
Em busca da reeleição, o premiê do Iraque, Nuri al Maliki, apontou "objetivos políticos" na divulgação.
Os documentos -que vão de 2004 a 2009, durante o governo de Maliki- mostram que a tortura era usada pelas forças iraquianas como instrumento de investigação e também como revanche contra grupos de diferentes origens étnicas ou religiosas.
Muitos dos casos de tortura foram presenciados por soldados americanos. Na maioria das vezes, eles apenas apontavam nos relatórios que não havia investigações a serem feitas.
Em nota, o gabinete de Maliki disse que os documentos são usados "contra partidos e líderes nacionais, especialmente contra o primeiro-ministro". Disse ainda que os dados secretos não comprovam as supostas violações de direitos humanos.
A maior parte das supostas vítimas das agressões é sunita, etnia que passou a apoiar o ex-premiê Ayad Allawi, o principal adversário político de Maliki, que é xiita.
A coalizão laica liderada por Allawi venceu as últimas eleições legislativas, mas não conseguiu maioria para formar um novo governo, gerando um impasse.
Desde a divulgação dos vazamentos, partidários de Allawi têm afirmado que Maliki não pode ficar no cargo.

OMISSÃO
Segundo Phil Shiner, da ONG Public Interest Lawyers, ao não fazerem nada para evitar ou denunciar essas torturas, os governos dos países envolvidos na invasão do Iraque se tornaram cúmplices desses crimes e precisam ser processados.
Baseada em Londres, a ONG pretende processar o governo britânico com base na legislação de direitos humanos do continente.
O WikiLeaks, que divulgou em julho 91 mil documentos sobre a guerra no Afeganistão, promete mais 15 mil relatórios em breve.


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