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Sob expectativa, Bogotá nega atrapalhar soltura de reféns
Comissário diz que governo Uribe não vai intervir na libertação anunciada pelas Farc
Anúncio é resposta a Hugo Chávez; senadora diz que ação, esperada para antes do Natal, pode atrasar por causa de operações militares
DA REDAÇÃO
O governo da Colômbia negou que as suas Forças Armadas tenham se engajado em
operações para impedir que as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) libertem três de seus reféns.
O alto comissário para a Paz,
Luis Carlos Restrepo, afirmou
em Bogotá que "não há nenhuma interferência por parte do
governo colombiano; ao contrário, há beneplácito" ao
anúncio da guerrilha, feito na
terça-feira, de que soltaria três
seqüestrados. Segundo jornais
colombianos, a libertação ocorreria a partir de ontem em algum ponto da Venezuela.
"Não existe nenhum tipo de
operação militar orientada a
impedir que os seqüestrados
sejam postos em liberdade",
disse o comissário em entrevista à rádio colombiana Caracol.
A declaração é uma resposta
ao presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, que afirma haver
grupos ligados ao governo colombiano que tentarão fazer a
libertação fracassar.
Em Cuba nos últimos dois
dias, o venezuelano antecipou
para a madrugada de ontem sua
volta para cuidar de detalhes da
operação. Mas a senadora colombiana de esquerda Piedad
Córdoba, opositora do governo
e próxima às negociações, disse
que ações do Exército em curso
poderiam atrasar a soltura.
As Farc anunciaram que soltariam Clara Rojas, seu filho
Emmanuel e a ex-deputada
Consuelo González. Rojas era
assessora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt e
foi levada com ela em 2002. Há
três anos, deu à luz um menino,
filho de um guerrilheiro.
Ontem, a mãe de Rojas, Clara, disse considerar parte de
sua família o rebelde com quem
a filha teve Emmanuel. "Não
tenho reservas quanto a ele ser
guerrilheiro. É um ser humano,
e cada ser humano que se aproxima de um membro da minha
família eu considero um ser da
minha família", disse a mulher
ao diário "El Tiempo".
Segundo as Farc, a soltura
dos três seria um desagravo a
Chávez. O venezuelano atuou
com a senadora Córdoba, até
novembro, como mediador da
negociação entre a guerrilha e o
governo colombiano pela troca
de 45 reféns por cerca de 500
guerrilheiros presos.
Ele foi afastado do posto em
novembro pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, que
considerou que Chávez quebrou o protocolo ao contatar
um militar colombiano sem a
sua autorização. O afastamento
provocou uma crise entre os
dois países vizinhos.
Ingrid Betancourt
Ontem a família da franco-colombiana Ingrid Betancourt
lhe pediu que "se cuidasse".
"Mamita, é duro, demasiado
duro, passar outro Natal sem
você, passar outro aniversário
seu sem poder celebrá-lo, mas
precisamos que seja forte, que
se cuide", afirmou a filha de Betancourt, Melanie Delloye.
A mãe da refém, Yolanda Pulecio, também enviou comunicado à filha: "Daria minha vida
para estar ao seu lado. Cuide-se, meu amor, alimente-se".
As mensagens foram veiculadas ontem na rádio Caracol,
durante a transmissão de uma
manifestação em Bogotá pela
libertação dos seqüestrados.
Outro ato pelos reféns ocorreu
no sábado em Paris, onde centenas de velas foram acesas.
Com agências internacionais
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