São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

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Sob expectativa, Bogotá nega atrapalhar soltura de reféns

Comissário diz que governo Uribe não vai intervir na libertação anunciada pelas Farc

Anúncio é resposta a Hugo Chávez; senadora diz que ação, esperada para antes do Natal, pode atrasar por causa de operações militares

DA REDAÇÃO

O governo da Colômbia negou que as suas Forças Armadas tenham se engajado em operações para impedir que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) libertem três de seus reféns.
O alto comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, afirmou em Bogotá que "não há nenhuma interferência por parte do governo colombiano; ao contrário, há beneplácito" ao anúncio da guerrilha, feito na terça-feira, de que soltaria três seqüestrados. Segundo jornais colombianos, a libertação ocorreria a partir de ontem em algum ponto da Venezuela.
"Não existe nenhum tipo de operação militar orientada a impedir que os seqüestrados sejam postos em liberdade", disse o comissário em entrevista à rádio colombiana Caracol.
A declaração é uma resposta ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que afirma haver grupos ligados ao governo colombiano que tentarão fazer a libertação fracassar.
Em Cuba nos últimos dois dias, o venezuelano antecipou para a madrugada de ontem sua volta para cuidar de detalhes da operação. Mas a senadora colombiana de esquerda Piedad Córdoba, opositora do governo e próxima às negociações, disse que ações do Exército em curso poderiam atrasar a soltura.
As Farc anunciaram que soltariam Clara Rojas, seu filho Emmanuel e a ex-deputada Consuelo González. Rojas era assessora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt e foi levada com ela em 2002. Há três anos, deu à luz um menino, filho de um guerrilheiro.
Ontem, a mãe de Rojas, Clara, disse considerar parte de sua família o rebelde com quem a filha teve Emmanuel. "Não tenho reservas quanto a ele ser guerrilheiro. É um ser humano, e cada ser humano que se aproxima de um membro da minha família eu considero um ser da minha família", disse a mulher ao diário "El Tiempo".
Segundo as Farc, a soltura dos três seria um desagravo a Chávez. O venezuelano atuou com a senadora Córdoba, até novembro, como mediador da negociação entre a guerrilha e o governo colombiano pela troca de 45 reféns por cerca de 500 guerrilheiros presos.
Ele foi afastado do posto em novembro pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, que considerou que Chávez quebrou o protocolo ao contatar um militar colombiano sem a sua autorização. O afastamento provocou uma crise entre os dois países vizinhos.

Ingrid Betancourt
Ontem a família da franco-colombiana Ingrid Betancourt lhe pediu que "se cuidasse". "Mamita, é duro, demasiado duro, passar outro Natal sem você, passar outro aniversário seu sem poder celebrá-lo, mas precisamos que seja forte, que se cuide", afirmou a filha de Betancourt, Melanie Delloye.
A mãe da refém, Yolanda Pulecio, também enviou comunicado à filha: "Daria minha vida para estar ao seu lado. Cuide-se, meu amor, alimente-se".
As mensagens foram veiculadas ontem na rádio Caracol, durante a transmissão de uma manifestação em Bogotá pela libertação dos seqüestrados. Outro ato pelos reféns ocorreu no sábado em Paris, onde centenas de velas foram acesas.


Com agências internacionais


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