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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Diante de forte oposição à guerra, país pensa em alternativa ao ataque; ONU deve dizer que Bagdá está cooperando

EUA estudam dar mais tempo às inspeções

Hussein Malla/Associated Press
Fiéis rezam em mesquita de Bagdá que foi visitada nesta semana por inspetores de armas da ONU, causando críticas dos iraquianos


DA REDAÇÃO

O governo dos EUA estuda dar mais tempo às inspeções de armas da ONU no Iraque. A medida ajudaria a aplacar críticas de países como França, Alemanha, China e Rússia, que se opõem a uma ofensiva militar contra Bagdá.
Uma alta autoridade em Washington disse à agência Associated Press que a decisão do presidente George W. Bush levará em conta a eficácia das inspeções.
O chefe dos inspetores da ONU, o sueco Hans Blix, e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed El Baradei, apresentam ao Conselho de Segurança (CS) na segunda-feira um balanço dos primeiros 60 dias de atividades de suas equipes. De acordo com a resolução 1441 do CS, o regime de Saddam Hussein deveria entregar uma lista completa de seus arsenais e cooperar com as inspeções. Caso contrário, estaria sujeito a sofrer "sérias consequências".
Washington argumenta que Saddam omitiu dados na lista, escondeu suas armas de destruição em massa banidas pela ONU e não está cooperando com as inspeções. Por isso, os EUA -e aliados como Reino Unido e Austrália- estão concentrando mais de 150 mil militares no golfo Pérsico.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, Bush criticou o Iraque por dificultar a realização de entrevistas com seus cientistas. Bagdá estaria "desafiando" a ONU ao impedir o livre acesso a essas pessoas.
O relato de Blix e El Baradei deve definir o debate na ONU sobre a possibilidade de uma ação armada. Ontem, o diretor da AIEA antecipou que dirá que, em geral, seus especialistas tiveram cooperação satisfatória dos iraquianos.
"Eles receberão uma nota B, bastante satisfatória", disse Mark Gwozdecky, porta-voz de El Baradei. O órgão responsável por encontrar e desmantelar o programa nuclear do Iraque pedirá ao CS mais alguns meses para poder completar o seu trabalho.
Até ontem, os EUA pareciam inflexíveis em suas intenções de atacar o Iraque. Nos últimos dias, porém, cresceu a pressão contrária à guerra. França e Alemanha prometeram esforços conjuntos para evitar o conflito. China e Rússia também pediram mais tempo aos inspetores. Dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo participaram de marchas contra a guerra. O apoio dos americanos a um ataque também caiu, segundo pesquisas.
Embora estudem um adiamento de seus planos militares, autoridades americanas seguem acusando Saddam. John Bolton, subsecretário de Estado, disse ter provas "muito convincentes" de que Bagdá manteve seus programas de armas de destruição em massa.
"Temos essa informação e acredito que, no momento adequado e da forma adequada, apresentaremos nossos argumentos sobre as violações iraquianas", afirmou.
O chefe da política externa da União Européia, Javier Solana, tentou acalmar os ânimos na disputa entre governos europeus e os EUA sobre a guerra no Iraque. "Temos de esfriar um pouco as declarações e observar a situação com olhos racionais", disse Solana. "Somos aliados dos EUA. Temos uma profunda amizade com eles e precisamos fazer tudo para manter esse relacionamento."
O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, também tentou conter a controvérsia: "A diferença de opiniões que temos neste momento não deve destruir a relação germano-americana".
Uday Hussein, filho de Saddam, advertiu os EUA de que seus soldados sofreriam fortes baixas em caso de guerra. "É melhor que fiquem longe de nós", disse a uma TV de sua propriedade. "Se os americanos vierem, o 11 de setembro (...) vai parecer um piquenique para eles, se Deus quiser."

Com agências internacionais


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