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NUCLEAR
Investigadores dizem que especialistas contribuíram com programa atômico iraniano; governo nega envolvimento
Paquistão admite ajuda de cientistas ao Irã
DA REDAÇÃO
O governo do Paquistão admitiu que cientistas do país deram
ilegalmente ajuda técnica ao programa de armas nucleares do Irã
no final dos anos 80. Segundo o
jornal "The Washington Post",
investigadores paquistaneses
concluíram que pelo menos dois
dos principais cientistas nucleares
do país passaram tecnologia de
armas para o Irã no âmbito de um
programa secreto de cooperação
nuclear para fins pacíficos firmado entre os dois países.
O Paquistão afirma que está rastreando as contas bancárias dos
dois cientistas e de administradores do programa nuclear, alguns
dos quais estão presos sob a suspeita de vender tecnologia nuclear para o Irã e outros países.
Nove paquistaneses, entre eles
Abdul Qadeer Khan, considerado
o pai da bomba atômica do Paquistão, estão sendo interrogados
numa investigação sobre proliferação nuclear. O governo do Paquistão nega que tenha autorizado a transferência de tecnologia
de armas, mas diz que pessoas ligadas a seu programa podem tê-lo feito por conta própria.
O ditador do Paquistão, general
Pervez Musharraf, disse no Fórum Econômico de Davos (Suíça)
que o Estado vai processar qualquer especialista que tenha passado segredos nucleares a outros
países. Além do Irã, Coréia do
Norte e Líbia são apontados como
beneficiários de transferências de
tecnologia nuclear paquistanesa.
Um funcionário do Ministério
do Interior disse à agência de notícias Associated Press que as contas bancárias dos envolvidos estão
sendo rastreadas. Ele afirmou que
a suspeita é que os envolvidos teriam agido para obter benefícios
financeiros pessoais, mas não forneceu nomes nem detalhes.
O ministro da Informação,
Sheikh Rashid Ahmed, recusou-se a comentar a reportagem do
jornal "The Washington Post".
Ele disse que os interrogatórios
ainda estão em curso e que é cedo
para especulações. Segundo o
"Post", Mohammed Faruq, ex-diretor-geral dos Laboratórios de
Pesquisa Khan, foi preso no mês
passado. Abdul Qadeer Khan, o
fundador do programa nuclear
paquistanês, que deu nome ao laboratório, foi implicado e ouvido
pelas autoridades, mas não chegou a ser detido. De acordo com o
jornal, Faruq em seu depoimento
envolveu Khan, que é considerado um herói nacional por ter desenvolvido a bomba.
Um membro da inteligência paquistanesa disse à Associated
Press que Khan, quando interrogado, negou ter vínculos com o
grupo que poderia ter passado segredos a outros países.
O general Musharraf disse que
as investigações paquistanesas
começaram depois que o Irã revelou os nomes das pessoas que lhe
forneceram tecnologia nuclear.
Para o presidente, é possível que
pessoas "inescrupulosas", visando a seu ganho pessoal, tenham
abusado da confiança e da autonomia que o governo lhes deu para desenvolver armas atômicas.
O programa nuclear paquistanês começou há cerca de 30 anos.
O país tem uma grande rivalidade
com a vizinha Índia, com a qual já
travou três guerras desde a independência em 1947.
O chefe da agência nuclear das
Nações Unidas, Mohamed ElBaradei, que também está no Fórum
de Davos, disse na semana passada que a proliferação nuclear envolve uma "sofisticada rede de
mercados negros". Numa entrevista à revista alemã "Der Spiegel"
que chega às bancas amanhã, ele
afirmou que o perigo de uma
guerra nuclear "nunca foi tão
grande como hoje".
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