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EUROPA
Sem chance de deixar prisão de segurança máxima, presos querem o "restabelecimento efetivo da pena de morte"
10 condenados à pena perpétua querem ser executados na França
DA REDAÇÃO
Dez presos do centro penitenciário francês de Clairvaux, condenados à prisão perpétua e sem
nenhuma chance de obter liberdade, publicaram carta em que
pedem o "restabelecimento efetivo da pena de morte" para que ela
possa ser aplicada neles próprios.
"Chega de hipocrisia! Já que nos
confinam irrevogavelmente a
uma perpetuidade real, sem nenhuma perspectiva de libertação,
nós preferimos pôr fim de vez a
nosso martírio a nos vermos morrer aos poucos, sem esperança de
outro amanhã depois de bem
mais de 20 anos de miséria absoluta", diz a carta dos dez condenados à prisão perpétua.
"Nós, que viveremos de modo
perpétuo atrás dos muros do centro penitenciário de mais alta segurança da França, pedimos o
restabelecimento efetivo da pena
de morte para que ela possa ser
aplicada a nós mesmos", acrescentam os presos.
A carta, datada de 16 de janeiro,
foi assinada por dez homens que,
em seguida, precisam o tempo
que eles já passaram na prisão
-que vai de 6 a 28 anos. São eles:
Abdelhamid Hakkar, André Gennera, Bernard Lasselin, Patrick
Perrochon, Milivoj Miloslavjevic,
Daniel Aerts, Farid Tahir, Christian Rivière, Jean-Marie Dubois e
Tadeusz Tutkaj.
Uma lei de 1981, adotada no início do primeiro mandato do presidente socialista François Mitterrand, morto em 1996 após ficar 14
anos à frente da cena política francesa, aboliu a pena de morte para
qualquer tipo de crime na França.
O ministro da Justiça da França
à época era Robert Badinter, famoso advogado criminalista e defensor dos direitos humanos, que
hoje é senador.
Além disso, os Estados-membros da União Européia não podem adotar a pena de morte.
O centro penitenciário de Clairvaux, instalado numa antiga abadia, é uma das prisões mais bem
guardadas e severas da França.
Nele estão detidos 170 prisioneiros, todos condenados a longas
penas de reclusão.
Pouco depois da decisão de restabelecer a estrita obrigação de fechamento das portas das celas durante o dia, um motim relativamente grave eclodiu no local em
16 de abril de 2003. Um guarda ficou refém dos presos durante algum tempo e foi ameaçado com
um estilete, e cerca de 80 presos
atearam fogo a salas de terapia
ocupacional.
Anteriormente, houve várias revoltas de presos e muitos motins
no centro penitenciário de Clairvaux. Nos mais graves, um carcereiro e uma enfermeira foram assassinados em 1971, depois de ficarem como reféns nas mãos dos
prisioneiros. Numa sangrenta
tentativa de fuga ocorrida em
1992, outro carcereiro foi morto
por presos revoltados.
Badinter deu início à sua luta
contra a pena de morte depois da
execução de Roger Bontems,
ocorrida em novembro de 1972.
Ao lado de Claude Buffet, Bontems fora responsável pela revolta
de 1971, no centro de Clairvaux.
Foi Buffet que matou o carcereiro
e a enfermeira, e a aplicação da
pena de morte a Bontems, que
não fora responsável direto pelos
assassinatos, revoltou Badinter.
Questionada pela agência de
notícias France Presse, a direção
do centro penitenciário de Clairvaux afirmou não saber como a
carta dos dez prisioneiros pôde
sair das instalações carcerárias.
Com agências internacionais
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