São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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Senado italiano derruba o governo Prodi

Perda de maioria já frágil na Casa tira premiê de centro-esquerda do comando do país; eleições podem ser antecipadas

Primeiro-ministro entrega o cargo ao presidente da República, que lhe pede que siga com agenda até que ele decida o futuro do governo

DA REDAÇÃO

Apesar do alerta que fez ao Senado ontem, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, não obteve o voto de confiança da Casa e caiu.
O fim de seu governo, disse Prodi, 68, aos senadores no Palácio Madama, geraria um "vácuo de poder" que deixaria vulnerável a economia italiana. "A Itália corre o risco de cair num ciclo econômico negativo, o qual terá de enfrentar com estruturas ainda imperfeitas." Resultado da votação: 161 contra, 156 a favor, uma abstenção.
Não surtiu efeito o apelo nem foi suficiente a decisão de Nuccio Cusumano, senador da Udeur, partido que abandonou recentemente a aliança governista, de votar com Prodi (leia texto ao lado).
A Udeur (União dos Democratas pela Europa, na sigla em italiano), pequeno partido democrata-cristão, foi o pivô da atual crise de confiança em Prodi. O governo de centro-esquerda, que nunca teve conforto no Senado, perdeu a estreita maioria na semana passada, quando a Udeur deixou a aliança. A decisão seguiu-se à exoneração de seu líder, o senador Clemente Mastella, ex-ministro da Justiça de Prodi.
Acusado de corrupção política, Mastella deixou o cargo na semana retrasada. Uma semana depois, anunciava a saída da aliança. Sem maioria no Senado, Prodi se viu forçado a pedir um voto de confiança.
Na Câmara, onde tinha maioria ampla, o premiê teve a confiança aprovada na quarta-feira. Mas no Senado não teve a mesma sorte. Pesou, segundo os jornais italianos, não só o voto contra de Mastella e do outro senador da Udeur como o de Lamberto Dini, do Partido Democrático, que também sustentava a aliança governista.
A maioria precária no Senado, ao contrário do que acontece na Câmara, submeteu o governo Prodi a constantes turbulências desde sua eleição, em 2006. Em janeiro de 2007 o premiê chegou a renunciar, mas foi reconduzido ao poder pelo presidente da República, Giorgio Napolitano.
Um dos motivos dessa diferença de margem nas maiorias, contou à Folha o professor Alfio Mastropaolo, é o fato de a idade mínima do eleitor da Câmara ser de 18 anos, contra 25 anos no Senado, o que gera plenários díspares. "O governo depende da confiança das duas Casas, e as leis têm de ser aprovadas com o mesmo texto nas duas", afirmou o docente do Departamento de Estudos Políticos da Università degli Studi, de Turim, por e-mail.
Não coopera com a estabilidade também o fato de a atual Lei Eleitoral incentivar a formação de blocos bipolares que se compõem com alguns partidos grandes e vários pequenos, de interesses dissonantes.
Com a queda de Prodi, o presidente Napolitano, que recebeu ontem do ex-premiê formalmente o cargo, afirmou que começaria hoje a tratar da nomeação de um novo governo. Enquanto isso, pediu a Prodi que cumpra com sua agenda. Napolitano deve decidir também se antecipa as eleições.
A atual legislatura vigoraria até 2010.
(FÁBIO CHIOSSI)


Com agências internacionais


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