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Senado italiano derruba o governo Prodi
Perda de maioria já frágil na Casa tira premiê de centro-esquerda do comando do país; eleições podem ser antecipadas
Primeiro-ministro entrega o cargo ao presidente da República, que lhe pede que siga com agenda até que ele decida o futuro do governo
DA REDAÇÃO
Apesar do alerta que fez ao
Senado ontem, o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi,
não obteve o voto de confiança
da Casa e caiu.
O fim de seu governo, disse
Prodi, 68, aos senadores no Palácio Madama, geraria um "vácuo de poder" que deixaria vulnerável a economia italiana. "A
Itália corre o risco de cair num
ciclo econômico negativo, o
qual terá de enfrentar com estruturas ainda imperfeitas."
Resultado da votação: 161 contra, 156 a favor, uma abstenção.
Não surtiu efeito o apelo nem
foi suficiente a decisão de Nuccio Cusumano, senador da
Udeur, partido que abandonou
recentemente a aliança governista, de votar com Prodi (leia
texto ao lado).
A Udeur (União dos Democratas pela Europa, na sigla em
italiano), pequeno partido democrata-cristão, foi o pivô da
atual crise de confiança em
Prodi. O governo de centro-esquerda, que nunca teve conforto no Senado, perdeu a estreita
maioria na semana passada,
quando a Udeur deixou a aliança. A decisão seguiu-se à exoneração de seu líder, o senador
Clemente Mastella, ex-ministro da Justiça de Prodi.
Acusado de corrupção política, Mastella deixou o cargo na
semana retrasada. Uma semana depois, anunciava a saída da
aliança. Sem maioria no Senado, Prodi se viu forçado a pedir
um voto de confiança.
Na Câmara, onde tinha maioria ampla, o premiê teve a confiança aprovada na quarta-feira. Mas no Senado não teve a
mesma sorte. Pesou, segundo
os jornais italianos, não só o voto contra de Mastella e do outro
senador da Udeur como o de
Lamberto Dini, do Partido Democrático, que também sustentava a aliança governista.
A maioria precária no Senado, ao contrário do que acontece na Câmara, submeteu o governo Prodi a constantes turbulências desde sua eleição, em
2006. Em janeiro de 2007 o
premiê chegou a renunciar,
mas foi reconduzido ao poder
pelo presidente da República,
Giorgio Napolitano.
Um dos motivos dessa diferença de margem nas maiorias,
contou à Folha o professor Alfio Mastropaolo, é o fato de a
idade mínima do eleitor da Câmara ser de 18 anos, contra 25
anos no Senado, o que gera plenários díspares. "O governo depende da confiança das duas
Casas, e as leis têm de ser aprovadas com o mesmo texto nas
duas", afirmou o docente do
Departamento de Estudos Políticos da Università degli Studi, de Turim, por e-mail.
Não coopera com a estabilidade também o fato de a atual
Lei Eleitoral incentivar a formação de blocos bipolares que
se compõem com alguns partidos grandes e vários pequenos,
de interesses dissonantes.
Com a queda de Prodi, o presidente Napolitano, que recebeu ontem do ex-premiê formalmente o cargo, afirmou que
começaria hoje a tratar da nomeação de um novo governo.
Enquanto isso, pediu a Prodi
que cumpra com sua agenda.
Napolitano deve decidir também se antecipa as eleições.
A atual legislatura vigoraria
até 2010.
(FÁBIO CHIOSSI)
Com agências internacionais
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