São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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Lula é prudente sobre as Farc, diz Uribe

Delegação de Bogotá no fórum de Davos acredita que presidente brasileiro não se envolve por causa de verborragia de Chávez

Colombiano evita comentar relação com venezuelano, que o critica desde que foi excluído de mediação com guerrilha, em novembro

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, contou ontem à Folha que conversou com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o problema dos reféns mantidos pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que Lula mostrou-se "prudente".
Em outras palavras, o presidente brasileiro prefere não se envolver em uma eventual mediação, hipótese levantada por Consuelo González, uma das duas reféns libertadas pela guerrilha no último dia 10.
Uribe não diz, mas, na delegação colombiana que está em Davos para o Fórum Econômico Mundial, a prudência do presidente brasileiro se deve à impossibilidade de conter a verborragia do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que não se cansa de criticar seu colega colombiano.
Uribe usa a viagem para "vender" a Colômbia aos investidores internacionais, que formam a principal clientela do fórum de Davos, como fazem todos os demais governantes que vêem em janeiro a essa cidadezinha suíça. Mas ontem o presidente colombiano enfrentou uma cobrança inusual. Foi a respeito de suas duras críticas a dois radialistas da Colômbia, que, depois delas, passaram a receber ameaças de morte.
A organização Repórteres sem Fronteiras atacou Uribe por ter "colocado em risco a vida" dos dois. Uribe fez um longo e previsível discurso sobre seu respeito à liberdade de imprensa, mas terminou não tendo remédio que não admitir: "Às vezes eu fico zangado. Também tenho sentimentos".
Aproveitou para fazer propaganda, ao dizer que seu governo tem quase 10 mil pessoas em um programa de proteção, dos quais 128 são jornalistas. O custo do programa é de US$ 40 milhões, segundo Uribe.
A Folha perguntou se ele fica zangado quando Chávez o ataca. Uribe saiu pela tangente: "Tenho que respeitar a opinião pública colombiana e o povo venezuelano, nossos irmãos", um modo de dizer que seus sentimentos são fortes demais para serem manifestados publicamente.


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