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Lula é prudente sobre as Farc, diz Uribe
Delegação de Bogotá no fórum de Davos acredita que presidente brasileiro não se envolve por causa de verborragia de Chávez
Colombiano evita comentar relação com venezuelano, que o critica desde que foi excluído de mediação com guerrilha, em novembro
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, contou ontem à Folha que conversou com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula
da Silva, sobre o problema dos
reféns mantidos pelas Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que Lula
mostrou-se "prudente".
Em outras palavras, o presidente brasileiro prefere não se
envolver em uma eventual mediação, hipótese levantada por
Consuelo González, uma das
duas reféns libertadas pela
guerrilha no último dia 10.
Uribe não diz, mas, na delegação colombiana que está em
Davos para o Fórum Econômico Mundial, a prudência do
presidente brasileiro se deve à
impossibilidade de conter a
verborragia do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que
não se cansa de criticar seu colega colombiano.
Uribe usa a viagem para
"vender" a Colômbia aos investidores internacionais, que formam a principal clientela do fórum de Davos, como fazem todos os demais governantes que
vêem em janeiro a essa cidadezinha suíça. Mas ontem o presidente colombiano enfrentou
uma cobrança inusual. Foi a
respeito de suas duras críticas a
dois radialistas da Colômbia,
que, depois delas, passaram a
receber ameaças de morte.
A organização Repórteres
sem Fronteiras atacou Uribe
por ter "colocado em risco a vida" dos dois. Uribe fez um longo e previsível discurso sobre
seu respeito à liberdade de imprensa, mas terminou não tendo remédio que não admitir:
"Às vezes eu fico zangado.
Também tenho sentimentos".
Aproveitou para fazer propaganda, ao dizer que seu governo
tem quase 10 mil pessoas em
um programa de proteção, dos
quais 128 são jornalistas. O custo do programa é de US$ 40 milhões, segundo Uribe.
A Folha perguntou se ele fica
zangado quando Chávez o ataca. Uribe saiu pela tangente:
"Tenho que respeitar a opinião
pública colombiana e o povo
venezuelano, nossos irmãos",
um modo de dizer que seus
sentimentos são fortes demais
para serem manifestados publicamente.
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