São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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Hamas distribui dinheiro e diz que venceu batalha

DA ASSOCIATED PRESS

Um integrante do Hamas entregou, na sexta, um envelope com cinco notas novas de US$ 100 a uma mulher de véu, cuja casa foi danificada durante ofensiva militar de Israel em Gaza. Foi a primeira entrega da ajuda prometida pelo grupo às famílias do território.
Desde a declaração de trégua, que encerrou três semanas de ofensiva israelense, os líderes do Hamas têm declarado vitória e se esforçam para mostrar que seguem no controle.
Eles prometem gastar US$ 52 milhões de seu caixa para ajudar a reconstruir Gaza. A mulher de véu recebeu o dinheiro como parte da compensação pelos danos em sua casa em Beit Lahiya, no norte.
O Hamas, acredita-se que financiado por doações do mundo muçulmano e do Irã, diz que as ajudas emergenciais incluirão US$ 1.300 por morte na família, US$ 650 por feridos, US$ 5.200 por casa destruída e US$ 2.600 por casa danificada.
Mais de 4.000 casas foram destruídas, e 20 mil foram danificadas na ofensiva, segundo estimativas independentes.
O fogo israelense destruiu toda a estrutura de segurança do Hamas e quase todos os prédios de governo. Dois dos seus principais líderes, o homem-forte Mahmoud Zahar e o primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniyeh, não reapareceram em público desde então.
Para além dessas perdas, o Hamas está diante das opções de manter o combate e afundar Gaza ainda mais na pobreza ou moderar-se em troca da reabertura das fronteiras, fechadas por Israel há 19 meses. Por ora, a maioria dos moradores parece alinhar-se a suas fileiras, unidos pelo ódio a Israel, mas a situação cada vez pior pode fazer esse apoio evaporar.
Na quinta-feira, centenas faziam fila à espera de gás na principal estrada que cruza o território, na altura da cidade de Deir el-Balah. Um rumor de que o produto ia ser distribuído havia circulado horas antes.
Hamad Abu Shamla, 24, esperou por sete horas para sair de mãos vazias. O carpinteiro desempregado -ele perdeu seu emprego quando começou o bloqueio- diz que a última vez que teve gás em casa foi há cinco meses. Desde então, ele, a mulher e os quatro filhos comem enlatados e pão. "Baseamos nossas esperanças em Deus", diz ele.
O Hamas precisaria de estimados US$ 2 bilhões para reconstruir Gaza, mas até agora EUA e União Europeia tem se recusado a canalizar os recursos diretamente aos militantes.
"O Hamas lutou contra Israel. Ninguém mais o fez", diz Samir Summad, 66, cuja casa foi atingida por um bombardeio que matou Said Siam, um dos líderes do Hamas, que estava no prédio ao lado. "Se eu soubesse que ele estava lá, teria fugido", diz. Um integrante do Hamas inspecionou a casa de Summad e prometeu ajuda.
Shehadeh Shehadeh, 39, um confeiteiro da cidade de Gaza, diz que votou no Hamas em 2006, mas esperava que o grupo extremista, no poder, atuasse de forma mais pragmática.
Sem ingredientes para trabalhar, ele gostaria de ver uma reconciliação entre o grupo laico Fatah e o Hamas para ter as fronteiras abertas. "Eu quero uma pausa para respirar um pouco e viver", diz.


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