São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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IMPEACHMENT
Senador democrata tenta obter 51 votos para o arquivamento das acusações contra o presidente dos EUA
Processo de Clinton pode acabar hoje

Reuters
Clinton parte de Washington para Arkansas


MARCELO DIEGO
de Nova York

O processo de impeachment do presidente Bill Clinton, o primeiro em 131 anos nos EUA, pode terminar hoje, com o arquivamento do caso. Oposicionistas, entretanto, acham a possibilidade remota.
Seguindo o calendário estabelecido no começo do mês, o Senado se defrontará hoje com duas opções. Ambas requerem maioria simples (51 votos, com o plenário cheio) para serem aprovadas.
A primeira é uma proposta do senador democrata Robert Byrd que prevê o arquivamento do caso. "Não acredito que será aprovada. Os americanos querem uma conclusão rápida do processo, mas não querem parar no meio do jogo", disse ontem o líder republicano (oposicionista) no Senado, Trent Lott. Os republicanos têm 55 cadeiras.
Se ela não for aprovada, o Senado vai discutir a convocação ou não de testemunhas no processo.
A casa está dividida. Alguns republicanos são contra os novos depoimentos, como Orrin Hatch, por acreditar que eles não acrescentarão fatos novos e para não prolongar o processo.
Na busca de fatos novos, os 13 representantes (deputados) com poderes de promotores no caso convocaram Monica Lewinsky para uma reunião em Washington.
Lewinsky era estagiária da Casa Branca e teve um caso com Clinton. Para esconder seu relacionamento, o presidente teria tentado obstruir a Justiça -uma das duas acusações passíveis de impeachment que recaem sobre ele. A outra é de ter cometido falso testemunho no caso Paula Jones. "Ela é a pessoa mais importante neste caso", disse o promotor Henry Hyde.
Lewinsky foi interrogada ontem por três promotores, durante 1 hora e 45 minutos, em um hotel em Washington. Segundo um dos promotores, Asa Hutchinson, Lewisnky mostrou que poderia ser uma testemunha importante. "Ela poderá ajudar os senadores a entenderem a verdade", disse.
Os democratas acusaram os promotores de romper o acordo bipartidário e convocar depoimentos, mesmo sem o aval do Senado. Eles divulgaram uma carta colocando-se contra a ação. "Temos de preparar nossas testemunhas para eventuais depoimentos. Não estamos quebrando as regras", disse o promotor Bill McCollum.
Se a convocação de testemunhas for aprovada, os depoimentos devem começar esta semana. Os nomes também precisarão de aprovação do Senado.
Mas, caso o pedido não tenha os votos necessários, o processo poderá ir diretamente para votação em plenário, em data a ser marcada. Para remover o presidente do cargo, seriam necessários dois terços dos votos dos senadores.
Mesmo os republicanos acham difícil atingir o total. Nas contas do moderado oposicionista Richard Shelby, por exemplo, a oposição atingirá entre 45 e 55 votos.
Um dos porta-vozes da Casa Branca confirmou ontem que o presidente não irá responder a perguntas dos senadores -os republicanos queriam entregar um questionário por escrito a Clinton.



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