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XENOFOBIA DIVIDIDA
Grupo contrário à liderança de Le Pen elege Bruno Megret como novo presidente da Frente Nacional
Congresso racha extrema direita da França
das agências internacionais
A francesa Frente Nacional (FN),
o maior partido de extrema direita
da Europa Ocidental, rachou ontem, após o líder rebelde Bruno
Megret ter sido aclamado presidente da agremiação fundada por
Jean-Marie le Pen há 25 anos.
Megret, 49, candidato único à
presidência do partido em um
congresso especial organizado por
sua facção rebelde, obteve o apoio
de 86% dos 2.300 delegados que
compareceram ao encontro, na cidade de Marignane (sul), um reduto eleitoral da FN.
Os delegados depois nomearam
Le Pen "presidente honorário" do
partido. Entre os rebeldes está a filha de Le Pen Marie-Caroline, que
brigou publicamente com o pai.
Le Pen, 70, boicotou o congresso,
que chamou de uma reunião ilegal
de golpistas. Sobre Megret, disse
que o rival é um "psicopata" que
pensa ser Napoleão.
A cisão deixa a França com duas
FN, ambas determinadas a apresentar sua lista própria de candidatos nas eleições do Parlamento
Europeu de junho.
A facção de Megret disse que seu
partido será chamado Frente Nacional-Movimento Nacional, para
diferenciá-lo do de Le Pen.
Meses de batalha jurídica são esperados agora, com as duas facções brigando por nome, símbolos, subsídios estatais eleitorais e
sedes do partido.
Mas a batalha principal será pelos votos dos franceses. A direita
tradicional, em minoria no Parlamento, espera que a divisão na extrema direita lhe permita recuperar votos de eleitores insatisfeitos,
embora pesquisas recentes mostrem que a Frente Nacional deve
manter a maioria de seus votos, seja para a facção de Megret, seja para a de Le Pen.
"Foi como o marido perfeito observar a sua mulher deixando-o",
disse Le Pen à TV francesa ontem
sobre a ação dos rebeldes, prevendo que sua facção irá manter a esmagadora maioria dos votos da
FN.
Para Megret, seu partido deve ficar em terceiro lugar nas eleições
de junho, atrás dos socialistas do
premiê Lionel Jospin e da gaullista
Reunião pela República (direita),
do presidente Jacques Chirac.
Nas eleições presidenciais de
2002, Megret previu ontem que
seu grupo obterá 30% dos votos,
comparados aos 15% dos votos nacionais que a FN costuma obter
sob a liderança de Le Pen.
A xenófoba FN costuma fazer
campanha contra os imigrantes
ilegais e a favor de valores tradicionais franceses.
²
Xenofobia
Atualmente, o partido não tem
representantes no Parlamento federal e ocupa apenas algumas prefeituras de cidades pequenas no
sul da França.
Tanto Megret quanto Le Pen
acusam os imigrantes de "contaminarem" a cultura francesa e a
União Européia. Os dois líderes
também são contra o aumento do
poder da União Européia em detrimento do governo nacional
francês, um processo que, eles dizem, está corroendo a soberania
da França.
Mas Megret defende alianças estratégicas com a direita tradicional, enquanto Le Pen prefere o
atual isolamento total do partido,
uma espécie de pária da política
francesa.
Megret prometeu aos simpatizantes manter o programa e os valores do partido e tentar obter novos eleitores. "Nossa ambição é
unir o povo francês para garantir o
futuro do nosso país", disse ele.
Le Pen, que participou de um ato
eleitoral à noite em Orleans (80 km
ao sul de Paris), considerou o congresso de Marignane um "lamentável ato de traição" e disse que daria "um pontapé no traseiro" se
visse alguém que participou do ato
rebelde.
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