São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006
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ANÁLISE Violência põe em xeque retirada militar americana
STEVEN R. WEISMAN
A violência que explodiu no Iraque com o ataque à Mesquita
Dourada pôs o governo de George W. Bush repentinamente na
defensiva. Na quinta-feira, havia
sinais de que as autoridades americanas estavam reconhecendo
ameaças a seus planos de retirar
tropas do Iraque neste ano.
Como o principal partido sunita suspendeu sua participação nas negociações, as autoridades esperam que a interrupção momentânea das conversações permita que as tensões diminuam um pouco. As forças de segurança iraquianas não foram capazes de refrear a violência após a explosão da mesquita -ou, como sugeriram algumas lideranças sunitas, não se dispuseram a fazê-lo. Já as forças americanas ou não estavam presentes ou não conseguiram impedir turbas xiitas enfurecidas de matar por vingança. Autoridades militares disseram que o Pentágono está observando e esperando para ver o que vai acontecer nas próximas 48 horas, antes de decidir se será necessária uma presença americana mais visível -o que, na prática, significaria enviar tropas americanas de volta a áreas que elas já haviam devolvido aos iraquianos. Representantes do governo disseram que isso pode ser necessário para conter a violência, em parte porque, apesar dos esforços para superar as divisões sectárias, as Forças Armadas iraquianas continuam cindidas. Os árabes sunitas, em especial, enxergam as tropas dominadas por árabes xiitas como parte do problema. "Nas últimas 36 horas, sunitas que pediam a saída de nossas forças de cidades como Bagdá passaram a pedir nossa permanência", comentou um alto representante americano. "Não sei se as Forças Armadas americanas estão reconsiderando sua posição, mas uma coisa posso lhe dizer com certeza: os iraquianos estão." Assessores na Casa Branca, no Pentágono e no Departamento de Estado expressaram a esperança de que a violência mais recente não seja precursora de uma guerra civil no Iraque. Disseram ter base para esperança no fato de que todas as partes no Iraque vêm lançando apelos por contenção. "Em vez de colapso ou revés, acho que podemos enxergar na situação atual a afirmação de que nossa abordagem está funcionando", disse um porta-voz do Departamento de Estado, Adam Ereli. "Temos uma liderança política agindo em prol do bem comum e forças de segurança mostrando, como entidade nacional, capacidade e responsabilidade." Apesar dos comentários oficiais otimistas, a possibilidade de um colapso violento é muito grande. Um representante descreveu a explosão da mesquita em Samarra como "um fato que nos levou até a beira do precipício. Podemos vislumbrar ali embaixo um abismo que pode significar o mergulho na guerra civil". Em Bagdá e entre alguns especialistas, havia dúvidas sobre se a influência de Khalilzad poderá ajudar a mediar uma solução política. Um representante xiita disse que alguns dos sunitas que o embaixador queria atrair para o governo são ex-membros do governo de Saddam Hussein. "A situação é muito, muito, muito ruim", comentou Reuel Marc Gerecht, do American Enterprise Institute, que dá apoio aos esforços dos EUA no Iraque. "A explosão da mesquita jogou por terra aquilo que Khalilzad vinha tentando fazer." Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Bush pede que Iraque evite guerra civil Próximo Texto: EUA: Controle árabe de portos nos EUA é adiado Índice |
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