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REINO UNIDO
Ken Livingstone é suspenso por um mês por ter comparado um repórter judeu a um "guarda de campo de concentração"
Londres pune prefeito por ofender judeu
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
O prefeito de Londres, Ken Livingstone, terá de ficar afastado
por um mês do cargo por ter comparado um jornalista judeu a um
guarda de campo de concentração nazista. A decisão foi tomada
ontem por um tribunal disciplinar, e a suspensão começa a vigorar na próxima quarta-feira.
Em 8 de fevereiro do ano passado, Livingstone foi abordado pelo
repórter Oliver Finegold, do diário "Evening Standard", na saída
de uma festa oferecida pelo prefeito para comemorar os 20 anos
da "saída do armário" do ex-deputado gay Chris Smith.
Finegold perguntou como havia
sido a noite. Livingstone, que tem
atritos com o jornal, devolveu: "O
que você fez? Você foi um criminoso de guerra alemão?" O repórter disse que era judeu e que ficara
ofendido com o comentário do
prefeito. E ouviu mais: "Você pode ser judeu, mas se comporta como um guarda de campo de concentração. Você só faz isso porque
está sendo pago".
Ontem, com base em uma queixa de uma entidade judaica, o Adjudication Panel for England, tribunal independente estabelecido
por lei em 2000, considerou que o
comportamento do prefeito foi
"desnecessário, insensível e ofensivo", feriu o código de conduta
da Greater London Authority
(Autoridade da Grande Londres,
órgão que regula a prefeitura) e
manchou a reputação de seu gabinete.
Os três integrantes do conselho
afirmaram ainda que Livingstone
falhou ao não ter reconhecido que
agiu inadequadamente -ele se
recusou a pedir desculpas.
O prefeito -que pode recorrer,
mas disse que só definiria sua estratégia na semana que vem-
classificou a decisão como "um
golpe no coração da democracia".
"Políticos eleitos só poderiam ser
removidos [do cargo] pelos eleitores ou por descumprirem a lei.
Três membros de um conselho
que ninguém nunca elegeu não
deveriam ter o direito de modificar os votos de milhões de londrinos", queixou-se.
O tribunal não definiu se ele
continuará recebendo seu salário
durante o afastamento.
Apelidado de "Red Ken" por
suas posições esquerdistas, Livingstone costuma falar o que
pensa e se mete em polêmicas
com facilidade. Sua reação irada à
abordagem de Finegold, argumentaram seus advogados, se deveu às divergências que alimenta
com o grupo que edita o "Evening
Standard". O "Daily Mail", outro
jornal da empresa, apoiou o nazismo no passado.
Em sua edição vespertina de ontem, o "Standard" deu grande
destaque à notícia e, em editorial,
cobrou desculpas ao prefeito.
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