São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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REINO UNIDO

Ken Livingstone é suspenso por um mês por ter comparado um repórter judeu a um "guarda de campo de concentração"

Londres pune prefeito por ofender judeu

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

O prefeito de Londres, Ken Livingstone, terá de ficar afastado por um mês do cargo por ter comparado um jornalista judeu a um guarda de campo de concentração nazista. A decisão foi tomada ontem por um tribunal disciplinar, e a suspensão começa a vigorar na próxima quarta-feira.
Em 8 de fevereiro do ano passado, Livingstone foi abordado pelo repórter Oliver Finegold, do diário "Evening Standard", na saída de uma festa oferecida pelo prefeito para comemorar os 20 anos da "saída do armário" do ex-deputado gay Chris Smith.
Finegold perguntou como havia sido a noite. Livingstone, que tem atritos com o jornal, devolveu: "O que você fez? Você foi um criminoso de guerra alemão?" O repórter disse que era judeu e que ficara ofendido com o comentário do prefeito. E ouviu mais: "Você pode ser judeu, mas se comporta como um guarda de campo de concentração. Você só faz isso porque está sendo pago".
Ontem, com base em uma queixa de uma entidade judaica, o Adjudication Panel for England, tribunal independente estabelecido por lei em 2000, considerou que o comportamento do prefeito foi "desnecessário, insensível e ofensivo", feriu o código de conduta da Greater London Authority (Autoridade da Grande Londres, órgão que regula a prefeitura) e manchou a reputação de seu gabinete.
Os três integrantes do conselho afirmaram ainda que Livingstone falhou ao não ter reconhecido que agiu inadequadamente -ele se recusou a pedir desculpas.
O prefeito -que pode recorrer, mas disse que só definiria sua estratégia na semana que vem- classificou a decisão como "um golpe no coração da democracia". "Políticos eleitos só poderiam ser removidos [do cargo] pelos eleitores ou por descumprirem a lei. Três membros de um conselho que ninguém nunca elegeu não deveriam ter o direito de modificar os votos de milhões de londrinos", queixou-se.
O tribunal não definiu se ele continuará recebendo seu salário durante o afastamento.
Apelidado de "Red Ken" por suas posições esquerdistas, Livingstone costuma falar o que pensa e se mete em polêmicas com facilidade. Sua reação irada à abordagem de Finegold, argumentaram seus advogados, se deveu às divergências que alimenta com o grupo que edita o "Evening Standard". O "Daily Mail", outro jornal da empresa, apoiou o nazismo no passado.
Em sua edição vespertina de ontem, o "Standard" deu grande destaque à notícia e, em editorial, cobrou desculpas ao prefeito.


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