São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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EUA

Desfiles e festas começaram ontem, mas moradores da cidade estão divididos sobre se a celebração é apropriada após a tragédia

Carnaval de Nova Orleans relembra Katrina

Lee Celano/Reuters
Carro alegórico lembra a tragédia do furacão Katrina em desfile do Mardi Gras, em Nova Orleans


DA REDAÇÃO

Na contagem regressiva para o primeiro Mardi Gras de Nova Orleans depois da destruição provocada pela passagem do furacão Katrina, desfiles e festas compartilham o espaço com atos em memória da tragédia de 29 de agosto.
A primeira delas aconteceu na noite de anteontem, quando um dos maiores desfiles, o do bloco feminino Krewe of Muses, culminou com um carro alegórico vazio simbolizando as vítimas do furacão na região -mais de mil mortos e cerca de 2.000 ainda desaparecidos.
O carro alegórico, chamado de Mnemosine -a deusa grega da memória e mãe das musas-, trazia a inscrição "Nós celebramos a vida, fazemos luto pelo passado e nunca esqueceremos".
Desfiles e festas estão programados para todo o fim de semana, finalizando com o Mardi Gras, ou Terça-Feira Gorda, no dia 28.
"Não há tantas pessoas aqui como no passado, mas acredito que muitas ainda estejam a caminho", disse Mark Page, 16, morador de Nova Orleans vestindo um grande chapéu colorido e óculos com luzes piscando. "Acho que a cidade vai realmente ficar lotada."
Os moradores da cidade, porém, e especialmente os das áreas mais afetadas, estão divididos sobre se a celebração é apropriada.
"Acho que temos coisas muito mais importantes para fazer do que brincar o Mardi Gras", disse Percy Branon, enquanto ainda retirava destroços do telhado de sua casa. "Não creio que deva ser algo permanente, mas, neste ano, acho que deveríamos deixar passar e tentar fazer o trabalho que ainda precisa ser feito."
Já Buckner Harris, residente do Bairro Francês, disse não ver razão para não comemorar. "Isso dá às pessoas algo para fazer e se desligar da tragédia", afirmou.
A sociedade secreta Zulu, tradicional no Mardi Gras, também não abrirá mão do desfile deste ano, apesar de ter sofrido na pele o impacto do furacão -dez de seus membros morreram nas inundações, e suas instalações foram destruídas.
Desta vez, apenas 200 dos 600 membros da sociedade participarão do desfile na terça-feira, marcado por suas fantasias especialmente elaboradas e brilhantes.
"Foi horrível? Foi uma vergonha para os EUA? Sim, foi", disse o porta-voz do Zulu, Jay Banks. "Nosso maior desafio é conseguir que as pessoas voltem e recuperem sua vida de antes."
"O quanto antes tenhamos Nova Orleans de novo, o mais cedo as pessoas voltarão. Estamos sofrendo, mas ainda respiramos", acrescentou.

Com agências internacionais

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