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Rússia e Sérvia culpam EUA por crise em Kosovo
Favorito para suceder Putin, Medvedev condena "destruição da ordem mundial"
Moscou recua e descarta uso de força militar na região; protesto em Viena contra autonomia da ex-Província tem choque com a polícia
DA REDAÇÃO
O premiê sérvio, Vojislav
Kostunica, responsabilizou ontem os EUA pela nova crise na
região dos Bálcãs, iniciada após
a declaração unilateral de independência da Província sérvia
de Kosovo, no último dia 17.
Moscou e Belgrado rejeitaram a declaração, que, contudo,
recebeu o apoio de Washington
já no dia seguinte ao anúncio.
"Os EUA devem anular sua
decisão de reconhecer um falso
Estado no território da Sérvia",
afirmou Kostunica. "Eles devem reafirmar a resolução
1.244 do Conselho de Segurança da ONU, que garante a soberania e a integridade territorial
da Sérvia", concluiu.
"O prosseguimento do uso da
força irá aprofundar a crise que
mina as fundações da ordem
mundial e ameaça a paz e a estabilidade nos Bálcãs", disse.
Aliada da Sérvia, a Rússia
também atacou a independência de Kosovo e sugeriu que os
norte-americanos estão destruindo a "ordem mundial".
Em um comunicado, o vice-premiê russo Dmitri Medvedev
afirmou que, ao invés de apoio à
independência [de Kosovo] e a
outras ações "que destroem a
ordem mundial", deveria haver
"uma decisão baseada na lei e
no compromisso entre Belgrado e Pristina [capital kosovar]".
Medvedev, que chega hoje à
Sérvia, indagou: "Apoiar a população albanesa de Kosovo [...]
e ficar indiferente ao destino de
centenas de milhares de sérvios
que estão sendo levados a uma
situação de gueto não é um cinismo flagrante?". Cerca de
90% da população de Kosovo é
de origem albanesa.
"Não é cinismo o povo sérvio
ser abertamente humilhado
enquanto prometem a Belgrado um futuro euroatlântico
desde que concorde com o desmembramento [kosovar]?", insistiu o vice-premiê, favorito a
suceder Vladimir Putin na eleição presidencial de domingo.
O representante da Rússia na
Otan (aliança militar ocidental), Dmitri Rogozin, voltou
atrás em sua ameaça de recorrer à "força", no caso de a organização ou a União Européia
"desafiarem" a resolução da
ONU em relação a Kosovo.
"Não temos a intenção de intervir militarmente em uma região conturbada distante de
nossas fronteiras. [...] Não há
nenhum ataque direto contra a
Rússia nem ataques diretos
contra nossos interesses nacionais", disse, retratando-se das
declarações de sexta passada.
Kosovo estava sob administração da ONU desde a intervenção da Otan contra a repressão sérvia aos separatistas
kosovares, em 1999. A segurança é feita atualmente por 16 mil
militares da organização.
Protesto
Queimando bandeiras dos
EUA e aos gritos de "Sérvia,
Sérvia", 6.000 sérvios protestaram em Viena contra a independência de Kosovo. Quatro
manifestantes foram presos e
dois policiais ficaram feridos.
Com agências internacionais
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