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PARCERIA SOB PRESSÃO
Vice-presidente Al Gore é a mais alta autoridade norte-americana desde 1989 a visitar o país
EUA esquecem liberalismo e vão à China
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
O vice-presidente dos EUA, Al
Gore, tornou-se ontem a mais alta
autoridade do governo dos EUA a
visitar a China desde o massacre da
praça da Paz Celestial, há oito
anos, quando centenas de manifestantes pró-democracia foram
mortos no centro de Pequim.
Ele disse que sua principal missão é "continuar a construir uma
paz duradoura entre China e
EUA". No Japão, antes de embarcar para Pequim, Gore prometeu
pressionar os dirigentes chineses
para que aumentem o respeito aos
direitos humanos em seu país.
Em Washington, o líder do governo na Câmara, Dick Gephardt,
anunciou que vai se opor à manutenção do status da China como
"nação mais favorecida" nas relações comerciais com os EUA,
quando o assunto estiver no Congresso a partir de junho.
Gephardt, um dos poucos possíveis desafiantes de Gore no Partido
Democrata para a eleição presidencial de 2000, argumenta que
um país que não respeita os direitos humanos não merece a condição de parceiro comercial privilegiado dos Estados Unidos.
A primeira solenidade de que
Gore participou em Pequim foi a
do anúncio de que a China vai assinar contrato de dezenas de milhões de dólares com a Boeing para
a compra de aviões. Ao seu lado,
estava o primeiro-ministro Li
Peng, um dos executores do massacre da praça da Paz Celestial.
Além da questão dos direitos humanos, outros pontos da agenda
bilateral sino-americana provocam tensões: o crescente déficit da
balança comercial dos EUA diante
da China, a venda a outros países
de tecnologia chinesa de mísseis e
ingredientes para armas químicas
e as acusações de que o governo
chinês tentou influenciar o resultados das eleições norte-americanas de 1996, inclusive com doações
para a campanha de reeleição de
Bill Clinton e Al Gore.
Gore usou poemas chineses do
século 10 para descrever sua missão em Pequim. "Se você deseja
uma vista maior, então você precisa escalar alturas maiores". Em
outro momento de seu discurso ao
chegar a Pequim, Gore disse: "A
paisagem da relação de EUA e China tem muitos rios, alguns correndo juntos, outros separados".
Hoje, Gore se encontra com o
presidente Jiang Zemin. Vai tentar
obter dele o compromisso de que
as liberdades civis em Hong Kong
serão mantidas a partir de 1º de julho, quando termina o domínio do
Reino Unido sobre a ilha, que será
reincorporada à China.
Gore também tentará conseguir
de Zemin a promessa de que a China vai diminuir a emissão de gases
que provocam o "efeito estufa"
na atmosfera e o seu apoio para a
realização de negociações de paz
entre as duas Coréias.
No domingo, o presidente da
Câmara dos Representantes (deputados) dos EUA, Newt Gingrich, parte para a China à frente
de delegação de 12 parlamentares
dos dois grandes partidos políticos
norte-americanos. Gingrich, da
oposição, afirmou que vai se articular com o governo antes de sua
chegada à China.
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