São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Muçulmanos criticam batismo de convertido

Jornalista é duro contra islã, aumentando debate

DA REDAÇÃO

O papa Bento 16 foi acusado ontem por líderes muçulmanos de provocar sua fé ao batizar, na missa da vigília de Páscoa, no sábado, um muçulmano convertido ao catolicismo. O batizado, o jornalista italiano de origem egípcia Magdi Allam, 55, é um crítico ferrenho do islamismo.
Para Aref Ali Nayed, diretor do Centro Real Islâmico de Estudos Estratégicos, em Amã (Jordânia), o Vaticano fez do batismo do jornalista uma "ferramenta para marcar pontos".
"O espetáculo todo provoca questões genuínas sobre motivos, intensões e planos de alguns dos conselheiros do papa sobre o islã", Nayed disse. Ele vai além: "É triste que a pessoa escolhida tenha um passado de gerar um discurso de ódio [contra o islã]".
No domingo, Allam publicou um texto no "Corriere della Sera", do qual é diretor-adjunto, dizendo que "se libertou do obscurantismo de uma ideologia que legitima a mentira e a dissimulação, a morte violenta [...] e a submissão à tirania".
Para Yahya Pallavicini, vice-presidente da Comunidade Religiosa Islâmica da Itália, "não há necessidade, ao demonstrar o amor a Jesus, de negar o amor ao profeta Maomé e a fé nele".
Izzedin El Zir, porta-voz da União de Comunidades e Organizações Islâmicas italiana, minimizou a repercussão: "O importante é que cada pessoa viva sua religião de modo respeitoso e respeitando a religião dos outros. Temos muitos cristãos convertidos ao islamismo".
Defensores de Bento 16, porém, afirmam que o batismo de Allam responde ao "diálogo autêntico de tolerância e de reciprocidade" que o papa busca com o mundo muçulmano. Uma de suas primeiras viagens foi à Turquia, país de maioria muçulmana. Na ocasião, ele rejeitou, com o patriarca ortodoxo Bartolomeu 1º, a idéia de matar em nome de Deus.
Um resultado concreto dessa política seria a recente abertura da primeira igreja no Qatar. Construída num terreno doado pelo emir, tem capacidade para 2.700 pessoas, mas não há campanário nem cruzes.
Mas o papa já causou polêmica antes com os muçulmanos. Em 2006, durante uma palestra em sua Alemanha natal, citou um imperador bizantino do século 15 que criticava Maomé por expandir "pela espada" a religião. Na semana passada, foi acusado pelo terrorista Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, de ser um cruzado.


Com agências internacionais


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