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Muçulmanos criticam batismo de convertido
Jornalista é duro contra islã, aumentando debate
DA REDAÇÃO
O papa Bento 16 foi acusado
ontem por líderes muçulmanos
de provocar sua fé ao batizar,
na missa da vigília de Páscoa,
no sábado, um muçulmano
convertido ao catolicismo. O
batizado, o jornalista italiano
de origem egípcia Magdi Allam,
55, é um crítico ferrenho do islamismo.
Para Aref Ali Nayed, diretor
do Centro Real Islâmico de Estudos Estratégicos, em Amã
(Jordânia), o Vaticano fez do
batismo do jornalista uma "ferramenta para marcar pontos".
"O espetáculo todo provoca
questões genuínas sobre motivos, intensões e planos de alguns dos conselheiros do papa
sobre o islã", Nayed disse. Ele
vai além: "É triste que a pessoa
escolhida tenha um passado de
gerar um discurso de ódio [contra o islã]".
No domingo, Allam publicou
um texto no "Corriere della Sera", do qual é diretor-adjunto,
dizendo que "se libertou do
obscurantismo de uma ideologia que legitima a mentira e a
dissimulação, a morte violenta
[...] e a submissão à tirania".
Para Yahya Pallavicini, vice-presidente da Comunidade Religiosa Islâmica da Itália, "não
há necessidade, ao demonstrar
o amor a Jesus, de negar o amor
ao profeta Maomé e a fé nele".
Izzedin El Zir, porta-voz da
União de Comunidades e Organizações Islâmicas italiana, minimizou a repercussão: "O importante é que cada pessoa viva
sua religião de modo respeitoso
e respeitando a religião dos outros. Temos muitos cristãos
convertidos ao islamismo".
Defensores de Bento 16, porém, afirmam que o batismo de
Allam responde ao "diálogo autêntico de tolerância e de reciprocidade" que o papa busca
com o mundo muçulmano.
Uma de suas primeiras viagens
foi à Turquia, país de maioria
muçulmana. Na ocasião, ele rejeitou, com o patriarca ortodoxo Bartolomeu 1º, a idéia de
matar em nome de Deus.
Um resultado concreto dessa
política seria a recente abertura da primeira igreja no Qatar.
Construída num terreno doado
pelo emir, tem capacidade para
2.700 pessoas, mas não há campanário nem cruzes.
Mas o papa já causou polêmica antes com os muçulmanos.
Em 2006, durante uma palestra em sua Alemanha natal, citou um imperador bizantino do
século 15 que criticava Maomé
por expandir "pela espada" a
religião. Na semana passada, foi
acusado pelo terrorista Osama
bin Laden, líder da Al Qaeda, de
ser um cruzado.
Com agências internacionais
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