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Otan ataca sem a autorização da ONU
das agências internacionais
Pode uma aliança militar intervir
em um país soberano, reconhecido
internacionalmente, para evitar o
massacre de minorias?
O ataque da Otan, sem a permissão da ONU (Organização das Nações Unidas), abre um precedente
legal duvidoso, para o qual algumas autoridades ocidentais há
muito alertavam.
Clinton e outros líderes aliados
citam a necessidade urgente de se
evitar uma catástrofe humanitária
em Kosovo como motivo para a
ação militar contra a Iugoslávia.
Juristas dizem que a base do Direito Internacional está longe de
ser clara, e alguns argumentam
que o bombardeio da Otan pode
apenas se basear no princípio de "o
mais forte é que está certo".
"A Otan tem se dado o direito de
agir sem a sanção explícita do Conselho de Segurança da ONU. Isso é
uma ação sem precedentes na frágil lista de precedentes de intervenções humanitárias", disse Gordon Adams, diretor-executivo do
Instituto Internacional de Estudos
Estratégicos.
"Ultimamente, isso é um caso de
política, não de Direito Internacional", completou Adams. "Os poderosos fazem o que querem; os fracos fazem o que os mandam fazer."
Rússia e China dizem que o ataque da Otan é ilegal e prometeram
convocar uma sessão de emergência do Conselho de Segurança.
"Esse tipo de ação não será aceita
pela comunidade internacional",
disse o representante da China na
ONU, Qin Huasun. Para ele, o ataque é uma violação da Carta da
ONU e do Direito Internacional.
Ambas as potências -de olho no
Tibete, Tchetchênia e outras potenciais áreas de conflito- estão
particularmente interessadas em
assegurar o princípio da não-interferência em assuntos internos de
Estados soberanos.
Ironicamente, França, Alemanha
e Itália -todos membros da
Otan- vinham sustentando que a
ONU deveria manter o monopólio
na autorização do uso da força.
Agora dizem que Kosovo é uma
exceção, porque a maré de refugiados e a escalada de violência ameaçaria a paz e segurança na Europa.
Há menos de um ano, o ministro
das Relações Exteriores da França,
Hubert Vedrine, dizia que, se a
Otan efetuasse uma ação militar
sem a permissão do Conselho de
Segurança, outros, como Rússia e
China, poderiam se sentir no direito de usar o precedente.
Jane Holl, uma ex-assessora de
Segurança Nacional do governo
Clinton, colocou a questão de modo mais duro. "Se agirmos sem o
mandado da ONU, não seremos
melhores que o Iraque."
Governos do Ocidente têm usado de vários argumentos para justificar a ação sobre Kosovo. Dizem
que o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, violou a resolução
da ONU que impôs o cessar-fogo
em Kosovo e determinou limites
ao Exército iugoslavo na região.
A resolução ameaçava Milosevic
com um ataque, se não cooperasse.
Invocava o capítulo 7º da Carta da
ONU, que permite o uso de força
para assegurar a paz e segurança.
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