São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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UNIÃO EUROPÉIA
Italiano substitui Jacques Santer, denunciado por nepotismo
Prodi vai presidir comissão

das agências internacionais

Os líderes dos 15 países da União Européia aprovaram ontem o nome de Romano Prodi para ocupar a presidência do órgão executivo da entidade. O ex-premiê italiano substituirá o luxemburguês Jacques Santer na chefia da Comissão Européia. Santer e os outros 19 comissários do órgão renunciaram há dez dias, sob denúncias de má administração e nepotismo.
Prodi teve seu nome aprovado por unanimidade em reunião de líderes da UE realizada em Berlim. Outros nomes cotados para o posto eram os premiês de Portugal, Antonio Guterres, e da Holanda, Wim Kok, e o secretário-geral da Otan, o espanhol Javier Solana.
Prodi quer reunir os líderes da UE, no próximo mês, para discutir seu programa de "limpeza" da burocracia da Comissão Européia, que tem sede em Bruxelas.
Não se sabe ainda, entretanto, quando Prodi poderá efetivamente tomar posse. Membros dos governos francês e britânico disseram que Prodi não pode assumir o cargo até junho, mas não souberam dizer se Santer fica no posto até lá. Antes de assumir, o presidente e os novos comissários têm de ser aprovados pelo Parlamento Europeu.
Prodi, que estava ontem em Frankfurt, afirmou que sua nova função será "um grande desafio". Suas principais tarefas serão a reestruturação da burocracia de Bruxelas e a preparação da UE para receber novos membros. A Comissão Européia é responsável pela implantação de leis e administra um orçamento de US$ 93 bilhões.
Prodi, 59, é professor de economia na Universidade de Bolonha e se define como "um técnico emprestado à política". Ele espera que a Europa se torne "uma pátria unificada", com sua política de defesa e segurança.
Ministro da Indústria, em 78, no governo de Giulio Andreotti, participou da operação Mãos Limpas, a ofensiva de juízes de Milão contra a corrupção, entre 1992 e 1995.
Em 1996, ele se lançou como chefe de uma coalizão de partidos de esquerda ou de centro-esquerda, a Ulivo (oliveira), formada por Verdes, Partido Popular, Partido Democrático da Esquerda e Renovação Italiana. Ele promoveu a adesão italiana ao euro.
A atuação de Prodi como primeiro-ministro durou 876 dias. Após esse período, ele não conseguiu obter uma moção de confiança no Parlamento e renunciou.
Massimo D'Alema, que substituiu Prodi como premiê, empenhou-se em fazer com que ele se tornasse o presidente da Comissão Européia e abandonasse o cenário eleitoral italiano. Prodi manifestou hesitação, mas afirmou "não poder esnobar a Europa".


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