São Paulo, Domingo, 25 de Abril de 1999
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TRÉGUA
Vôo é o 1º vindo do arquipélago a pousar no país desde 82
Argentina recebe avião das Malvinas

de Buenos Aires

Depois de muita negociação diplomática, deverá pousar amanhã em solo argentino o primeiro vôo vindo das ilhas Malvinas desde 1982, quando a Argentina e o Reino Unido entraram em guerra pela soberania do arquipélago, que os britânicos chamam de Falklands.
O vôo faz parte do plano de resgate de um pescador chileno que se acidentou na costa da ilha, na semana passada. Héctor Cárdenas Barrientos fraturou a perna em dois lugares. O pescador precisa de uma intervenção cirúrgica, que não pode ser realizada na ilha.
Quase duas semanas foram necessárias para que negociações diplomáticas permitissem o resgate.
No dia 31 de março, o Chile suspendeu os vôos para as ilhas. A decisão foi tomada em represália à prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, que aguarda, detido em Londres, decisão da Justiça britânica sobre pedido de extradição feito pela Espanha.
Devido a essa decisão, no dia 16 de abril, o Chile negou à companhia aérea chilena DAP a permissão para resgatar Barrientos.
A decisão colocou o governo argentino numa posição privilegiada para negociar o retorno da comunicação entre as duas regiões. O chanceler argentino, Guido Di Tella, está tentando restabelecer a comunicação com as Falklands desde o ano passado.
Em 1982, a Argentina, então governada pelo general Leopoldo Galtieri, tentou reaver a soberania das ilhas, sendo derrotada em algumas semanas pelas forças britânicas. O arquipélago é uma colônia britânica desde 1833.
Em represália, os ""kelpers" (habitantes das Malvinas) suspenderam unilateralmente a comunicação com a Argentina. No fim-de-semana passado os ""kelpers" recusaram uma oferta de ajuda da Argentina, mas ficaram sem ter como enviar o pescador ao continente.
Os governos brasileiro e uruguaio comunicaram no fim-de-semana passado que só permitiriam o pouso de vôos vindo das Malvinas caso fizessem escala na Argentina. O gesto foi uma demonstração de solidariedade ao parceiro do Mercosul, segundo as autoridades diplomáticas dos dois países.
A solução para o impasse surgiu na terça à noite, quando o Chile resolveu resgatar o pescador desde que o avião fizesse uma escala na Argentina. O vôo já foi adiado duas vezes. A primeira, por razões políticas, na quinta-feira. Por razões técnicas, o avião militar também deixou decolar na sexta.
O avião da Força Aérea chilena deverá decolar de Balmaceda, próximo a Puerto Montt, no sul do Chile, às 10h30 de hoje. No retorno, programado para amanhã, o vôo fará um escala técnica em San Carlos de Bariloche, na Argentina. O pouso está previsto para as 14h.
(ANDRÉ SOLIANI)


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