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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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TRADIÇÃO ARGENTINA

Até a campanha eleitoral, primeira-dama era mais conhecida do que o próprio marido

Cristina Kirchner tem brilho próprio

GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO

Cristina Kirchner, 50, casada há 26 anos com o presidente eleito da Argentina, Néstor Kirchner, não será uma primeira-dama qualquer, que servirá apenas de acompanhante em viagens internacionais ou que conduzirá simbolicamente programas sociais.
Senadora e militante peronista desde a juventude, Cristina tem forte atuação política. Hoje, no Senado, é presidente da comissão de assuntos constitucionais e integra a comissão de Justiça e assuntos penitenciários e a de segurança interna e narcotráfico.
Sua atuação na comissão de assuntos constitucionais foi destacada especialmente neste ano, quando conseguiu a expulsão de um senador que era tido como um dos símbolos do descrédito da classe política argentina, que fraudou eleições em uma Província do país. Seu desempenho no combate à corrupção também foi relevante durante o governo de Fernando de la Rúa (1999-2001).
Mesmo pertencendo ao Partido Justicialista, o mesmo de Carlos Menem, nunca foi aliada do ex-presidente argentino nos anos 90, quando ele governava o país.
Ao contrário, Cristina chegou a se manifestar publicamente contra Menem quando o ex-presidente promulgou leis que anistiavam militares argentinos envolvidos em crimes durante a ditadura, de 1976 a 83.
Entre os colegas senadores é conhecida como "huracán" (furacão), por sua força política, e como "Miss Congresso", por ser considerada a parlamentar mais bonita e elegante do Senado.
"Essa primeira-dama tem um perfil totalmente distinto das demais primeiras-damas argentinas. É um quadro político. Tem uma forte personalidade e grande convicção", diz a analista política Graciela Rommer.
A senadora já afirmou em entrevistas que não será primeira-dama, e sim "primeira-cidadã". Ela descarta a possibilidade de deixar o cargo no Senado, onde está desde 2001, na sua segunda passagem pela Casa.
Junto com o marido, "faz uma simbiose perfeita", disse certa vez o então vice-governador da Província de Santa Cruz e hoje titular do cargo, Héctor Izazuriaga. "É um típico casal de classe média argentino, no qual cada um tem a sua atividade profissional e se respeita mutuamente", afirma a analista Rommer. "Cada um dirige a própria vida, sem tentar interferir na do outro", acrescenta.
Ainda assim, mesmo que houvesse interferência, não teria tanto problema. Cristina e o presidente parecem ter uma visão política de mundo muito próxima. Quase não houve divergências públicas entre os dois desde que estudaram direito juntos na Universidade de La Plata.
Até o início da campanha presidencial deste ano, Cristina era mais conhecida nacionalmente, por sua atuação no Senado e anteriormente na Câmara dos Deputados, do que o marido, que ficava isolado em Santa Cruz.

Inspiração
Questionada pelo diário "Clarín" sobre qual primeira-dama admirava mais, Cristina Kirchner surpreendeu o entrevistador e respondeu: "Hillary Clinton".
Porém a nova primeira-dama argentina afirma que não teria a mesma atitude de Hillary, quando ela ficou sabendo da traição do marido Bill Clinton, então presidente americano. "Não teria reagido como ela."

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