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Timor pede ajuda externa para tentar controlar crise
Portugal, Austrália e Nova Zelândia confirmaram envio de militares e policiais
Xanana Gusmão, presidente do país, solicitou a ajuda externa para tentar encerrar conflito entre o exército oficial e soldados rebelados
DA REDAÇÃO
Portugal, Austrália e Nova
Zelândia confirmaram ontem
que enviarão a Timor Leste forças militares e policiais, em
uma tentativa de encerrar a crise de segurança pela qual passa
o país. Segundo o ministro da
Defesa australiano, Brendan
Nelson, um efetivo de mais de
mil homens já estava de prontidão desde abril e pode desembarcar ainda hoje na capital timorense, Díli, conforme negociações em andamento.
Depois de causarem duas
mortes na última segunda, os
confrontos entre o exército oficial de Timor Leste e forças rebeladas continuaram ontem.
Iniciado em 28 de abril, o conflito já deixou ao menos sete
mortos. É a pior crise vivida pelo país desde a sua completa independência, em 2002.
Os problemas recentes começaram quando 600 soldados
-cerca de um terço de todo o
exército- foram demitidos
após uma greve. Parte deles iniciou a rebelião, reclamando de
discriminação racial.
O envio de forças internacionais atende a um apelo feito horas antes pelo presidente Xanana Gusmão.
O chanceler de Timor Leste,
José Ramos Horta -cotado como um dos candidatos a suceder Kofi Annan como secretário-geral da ONU-, disse que o
governo local não pode controlar sozinho a situação.
Segundo Horta, as forças internacionais ajudarão a acalmar o clima de conflito e a evitar que o país volte a viver uma
situação de crise humanitária.
Retirada
As embaixadas da Austrália e
dos Estados Unidos iniciaram
ontem a retirada do parte de
seus funcionários do país. Além
delas, a embaixada da Nova Zelândia também recomendou a
seus cidadãos que evitem viagens à ilha.
O Itamaraty afirmou não ter
recebido do governo timorense
pedido específico de auxílio. O
Brasil já manteve tropas no
país de 1999 até o ano passado.
Segundo a Agência Lusa,
boatos sobre novos confrontos
e mortos têm se espalhado com
facilidade. Parte dos moradores da capital se refugiou em
montanhas depois dos primeiros incidentes, temendo uma
nova guerra civil.
Ainda ontem, Portugal enviou pedido ao secretário-geral
da ONU, Kofi Annan, para que
o Conselho de Segurança da organização dê aval à ação das
forças internacionais.
Em 1999, quase 80% dos timorenses aprovaram em plebiscito a separação da Indonésia, que ocupava o território
desde 1976. Após a divulgação
dos resultados, milícias causaram mortes e destruição em todo o país. A crise humanitária
motivou uma intervenção da
ONU, que administrou Timor
Leste até a eleição de Xanana
Gusmão, há quatro anos.
Estima-se que 200 mil timorenses -o que equivale um
quarto da população atual- foram mortos durante a ocupação indonésia. Antes disso, Timor Leste foi colônia de Portugal. O português é hoje um dos
idiomas oficiais do país.
Colaborou Francisco Figueiredo, colaboração
para a Folha
Com agências internacionais
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