São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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Timor pede ajuda externa para tentar controlar crise

Portugal, Austrália e Nova Zelândia confirmaram envio de militares e policiais

Xanana Gusmão, presidente do país, solicitou a ajuda externa para tentar encerrar conflito entre o exército oficial e soldados rebelados

DA REDAÇÃO

Portugal, Austrália e Nova Zelândia confirmaram ontem que enviarão a Timor Leste forças militares e policiais, em uma tentativa de encerrar a crise de segurança pela qual passa o país. Segundo o ministro da Defesa australiano, Brendan Nelson, um efetivo de mais de mil homens já estava de prontidão desde abril e pode desembarcar ainda hoje na capital timorense, Díli, conforme negociações em andamento.
Depois de causarem duas mortes na última segunda, os confrontos entre o exército oficial de Timor Leste e forças rebeladas continuaram ontem. Iniciado em 28 de abril, o conflito já deixou ao menos sete mortos. É a pior crise vivida pelo país desde a sua completa independência, em 2002.
Os problemas recentes começaram quando 600 soldados -cerca de um terço de todo o exército- foram demitidos após uma greve. Parte deles iniciou a rebelião, reclamando de discriminação racial.
O envio de forças internacionais atende a um apelo feito horas antes pelo presidente Xanana Gusmão.
O chanceler de Timor Leste, José Ramos Horta -cotado como um dos candidatos a suceder Kofi Annan como secretário-geral da ONU-, disse que o governo local não pode controlar sozinho a situação.
Segundo Horta, as forças internacionais ajudarão a acalmar o clima de conflito e a evitar que o país volte a viver uma situação de crise humanitária.

Retirada
As embaixadas da Austrália e dos Estados Unidos iniciaram ontem a retirada do parte de seus funcionários do país. Além delas, a embaixada da Nova Zelândia também recomendou a seus cidadãos que evitem viagens à ilha.
O Itamaraty afirmou não ter recebido do governo timorense pedido específico de auxílio. O Brasil já manteve tropas no país de 1999 até o ano passado.
Segundo a Agência Lusa, boatos sobre novos confrontos e mortos têm se espalhado com facilidade. Parte dos moradores da capital se refugiou em montanhas depois dos primeiros incidentes, temendo uma nova guerra civil.
Ainda ontem, Portugal enviou pedido ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para que o Conselho de Segurança da organização dê aval à ação das forças internacionais.
Em 1999, quase 80% dos timorenses aprovaram em plebiscito a separação da Indonésia, que ocupava o território desde 1976. Após a divulgação dos resultados, milícias causaram mortes e destruição em todo o país. A crise humanitária motivou uma intervenção da ONU, que administrou Timor Leste até a eleição de Xanana Gusmão, há quatro anos.
Estima-se que 200 mil timorenses -o que equivale um quarto da população atual- foram mortos durante a ocupação indonésia. Antes disso, Timor Leste foi colônia de Portugal. O português é hoje um dos idiomas oficiais do país.


Colaborou Francisco Figueiredo, colaboração para a Folha
Com agências internacionais


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