São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Líder tinha estatuto mítico em seu país

DA REDAÇÃO

Pedro Antonio Marín, conhecido como Manuel Marulanda Vélez ou "Tirofijo", nasceu em 12 de maio de 1930 em Génova, departamento de Quindío. Antes de deixar o povoado, "expulso pela violência", foi açougueiro e lenhador. Segundo alguns de seus biógrafos, ganhou o apelido pela boa pontaria -dizia-se que, "onde punha o olho, punha a bala".
Sua vida ficou profundamente marcada pelo assassinato, em 1948, do líder do Partido Liberal, Jorge Eliécer Gaitán. Passou a ser perseguido pelo governo de Ospina Pérez. Desde essa época, viveu foragido.
O batismo de fogo como guerrilheiro teve lugar em setembro de 1949, quando, acompanhado de vários irmãos e primos, atacou seu povoado natal após um ataque frustrado da polícia.
Passou, então, a organizar grupos de resistência nas montanhas da região, onde ainda se escondia.
Depois, com Luis Alberto Morantes, seria um dos fundadores, nos anos 60, das Farc. O dia 27 de maio de 1964 é considerado a data oficial do nascimento da guerrilha de esquerda, que se estendeu a boa parte do país.
Contudo as Farc tiveram um crescimento lento entre 1974 e 1982, centrado sobretudo nas zonas camponesas distantes dos grandes centros urbanos.
Nos anos 80, o governo de Belisario Betancur (1982-86) tentou, sem êxito, discutir um processo de paz com as Farc. Fracassadas as negociações, o grupo se estendeu a outras regiões da selva amazônica e do planalto colombiano e intensificou os seqüestros de policiais e soldados assim como atentados a políticos e ataques a guarnições e povoados. É também a partir dessa época que o grupo passa a se envolver com o narcotráfico.
Em quase quatro décadas, estima-se que o conflito civil no país tenha deixado mais de 30 mil mortos.
A morte de Marulanda significa a terceira baixa na cúpula da grupo, depois de Raúl Reyes (em bombardeio na fronteira colombiano no Equador), e Iván Ríos (assassinado por seu segurança).
Alguns dos companheiros de armas de Marulanda o descreveram como um "homem desconfiado", apesar da aparência de "camponês bonachão".
Sua atuação como guerrilheiro lhe valeu um estatuto quase mítico em seu país.
Segundo o historiador Orlando Villanueva, em "Guerrilheiros e Bandidos", "surgiam relatos de combates inverossímeis, em que Marulanda enfrentava sozinho batalhões inteiros. Também foram feitas canções sobre sua vida e falava-se que ele tinha pacto com o diabo".


Com agências internacionais


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