São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 2002

Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Presidente apresenta proposta para criação de Estado provisório, mas diz que palestinos precisam de "nova liderança"

Bush descarta Estado palestino com Arafat

Associated Press
Palestinos removem destroços de carro destruído por mísseis em Gaza, em ação que matou seis


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou ontem em Washington que apóia a criação de um Estado palestino provisório desde que haja uma "nova e diferente liderança palestina".
A declaração deixou claro que Bush está descartando o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, 72, como parceiro nas negociações, apesar de em nenhum momento ter citado o nome do palestino.
"A paz requer uma nova e diferente liderança palestina. Somente assim um Estado palestino pode ser criado. Eu peço ao povo palestino que eleja novos líderes que não estejam comprometidos com o terrorismo", disse o presidente, ao anunciar a sua nova política para o Oriente Médio.
Apesar de Bush descartar Arafat, a ANP afirmou em comunicado que ele e a direção palestina "recebem positivamente as idéias propostas". Em seguida, Arafat anunciou eleições para o início do próximo ano. Seu atual mandato, obtido nas urnas em 1996, já se encerrou. Ele alegava que a violência da Intifada impossibilitava novas eleições.
Mais duro, Saeb Erekat, principal negociador palestino, disse que a ANP rejeita a remoção de Arafat -que está sob cerco israelense em seu QG em Ramallah- como condição para o estabelecimento de um Estado.
"Líderes palestinos não caem de pára-quedas de Washington nem de nenhum outro lugar. Os líderes palestinos são eleitos diretamente pelo povo palestino. O presidente Arafat foi escolhido em eleições livres", afirmou.
"Um Estado palestino nunca será criado por meio do terrorismo", afirmou Bush. "Hoje, as autoridades palestinas estão encorajando o terrorismo, não o combatendo". Para Bush, além de escolher uma nova liderança, os palestinos devem criar instituições democráticas, fortalecer o Legislativo e o Judiciário, reformar os órgãos de segurança e trabalhar junto com Israel para combater o terrorismo. As fronteiras finais do Estado e certos aspectos referentes à soberania seriam resolvidos apenas em um acordo final.
Segundo assessores de Bush, se as condições requeridas por ele forem implementadas, o Estado provisório palestino seria criado em cerca de 18 meses. O Estado definitivo viria em três anos, após um acordo final resolver as disputas mais delicadas, tais como o direito de retorno de refugiados palestinos, os assentamentos judaicos em Gaza e Cisjordânia e a divisão de Jerusalém.

Retirada israelense
Bush pediu aos israelenses que se retirem das áreas sob controle palestino, recuando para as posições anteriores ao início da Intifada -levante palestino contra a ocupação israelense, iniciada em setembro de 2000- e interrompam a expansão das colônias em Gaza e Cisjordânia.
Israel recebeu com satisfação o discurso. Comunicado do premiê Ariel Sharon afirmou: "Somente quando os palestinos acabarem com o terrorismo e levarem a cabo reformas democráticas será possível avançar em direção a um acordo político".
Sharon havia declarado Arafat "irrelevante" no final de 2001 e o acusava de apoiar o terrorismo. Washington relutava em concordar com o premiê, até ontem.
Bush também advertiu a Síria, pedindo ao governo de Damasco que "desmantele os campos terroristas e expulse as organizações terroristas" que atuam no país e ameaçam Israel. "A Síria deve escolher o lado da guerra contra o terror", afirmou. Segundo ele, "cada país realmente comprometido com a paz deve deter carregamentos iranianos de armas para grupos terroristas que querem destruir Israel, tais como o Hamas, o Jihad Islâmico e o Hizbollah [grupo extremista libanês"".
Bush pediu ainda que outros países árabes se aproximem diplomática e comercialmente de Israel, em busca de uma "total normalização das relações entre israelenses e árabes".

Com agências internacionais
Leia a íntegra do discurso de Bush na Folha Online www.folha.com.br/021742


Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.