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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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IRÃ NA MIRA

Maioria nos EUA defende ação militar para impedir que Teerã tenha armas nucleares, diz pesquisa do "Post"

56% dos americanos apóiam ataque ao Irã

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A maioria dos americanos apóia uma ação militar dos EUA contra o Irã para impedir que os iranianos adquiram armas nucleares.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação entre a opinião pública nos EUA em relação à permanência de soldados americanos no Iraque ocupado.
Segundo pesquisa publicada ontem pelo jornal "The Washington Post" e realizada em parceria com a rede ABC, 56% dos americanos apoiariam uma guerra contra o Irã neste momento.
O apoio ocorre apesar de uma queda, de cerca de 75% para 51%, no total de entrevistados que consideram "aceitável" a quantidade de soldados mortos no Iraque até o momento.
Outros 72% dizem ainda "temer" que as forças norte-americanas tenham de permanecer por um "longo e custoso" período no Iraque.
Desde o dia 1º de maio, quando o presidente George W. Bush declarou o fim dos combates de maior porte no país, 19 soldados americanos morreram em ataques no Iraque.
Entre os entrevistados, 44% qualificaram como "inaceitável" esse número de mortos.

Terceira guerra
Shireen Hunter, diretora do programa islâmico do Centro Internacional de Estados Estratégicos, de Washington, disse à Folha que o apoio da opinião pública americana a uma ação no Irã dificilmente levará a administração Bush a uma terceira guerra (depois do Afeganistão e Iraque) no atual mandato.
"Pode haver um encorajamento para um apoio mais efetivo dos EUA à atual oposição dentro e fora do Irã", afirmou.
Hunter lembra que o governo Bill Clinton chegou a gastar US$ 20 milhões em ações desse tipo, que resultaram, por exemplo, na constituição da rádio de oposição Irã Livre.
Vários grupos de oposição ao atual regime iraniano, pacíficos ou não, permanecem bastante ativos dentro e fora do país.
A facção Mujahedin Khalq, que teve dezenas de integrantes detidos na França, planejava ataques a embaixadas do Irã na Europa e o assassinato de membros do serviço de inteligência iraniano em vários países da região.
"De qualquer forma, a pesquisa justificará uma retórica mais agressiva de autoridades dos EUA contra o Irã", diz Hunter.
Apesar da diminuição da tolerância em relação à morte de soldados no Iraque, permanece alto (67%) o apoio ao modo como o presidente Bush vem administrando a situação no país.
Outros 68% aprovam, de maneira geral, a administração Bush.
Apesar de os americanos não terem encontrado até agora o que os teria levado à guerra contra Saddam Hussein -as supostas armas de destruição em massa-, mais de 60% acreditam que a guerra foi, mesmo assim, "justificada".


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