São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senador busca apagar imagem de falta de firmeza

DO ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

A primeira personalidade a discursar amanhã a favor de John Kerry na Convenção Nacional Democrata será um de seus companheiros de embarcação na época em que o senador serviu no Vietnã, patrulhando as águas do rio Mekong.
Nos dois dias seguintes, toda a tônica da convenção estará voltada para a biografia militar do virtual candidato a presidente e para os serviços por ele prestados aos EUA. Também será discutido o modo como transformar o país em "um local mais forte e seguro".
O esforço democrata de tentar colocar Kerry em pé de igualdade com o "presidente da guerra" George W. Bush visa retirar do republicano seu principal patrimônio eleitoral.
Kerry não perde uma oportunidade em seus freqüentes discursos para afirmar que, enquanto lutava por seu país na Ásia, seu adversário "fugiu" do conflito ao se alistar na Guarda Nacional dos EUA, um santuário, à época, para filhos de famílias ricas que evitavam ir à guerra.
John Kerry procurará apresentar também um histórico de votações durante seus 20 anos no Senado que nada tem a ver com a pecha de "esquerdista" que os republicanos estão tentando carimbar em sua personalidade.
Em várias ocasiões em sua carreira, Kerry votou a favor de medidas de disciplina fiscal não muito comuns entre os democratas e por resoluções nada esquerdistas na área do seguro social.
Embora venha criticando Bush por causa da ação norte-americana no Iraque, Kerry também foi um dos senadores que votaram a favor do uso da força contra o ex-ditador Saddam Hussein no ano passado.
A acusação de Kerry contra Bush de que o republicano preside o país em favor de interesses corporativos também representa outra contradição na biografia do democrata.
Quando pisar no FleetCenter de Boston nesta semana, palco da convenção, Kerry estará aceitando mais uma contribuição de uma das instituições que mais financiaram a sua carreira política, o banco FleetBoston, sediado no Estado de Massachusetts.
Como Bush, o democrata sempre teve grandes corporações por trás de sua carreira. Também teve lobistas e advogados de conglomerados gigantescos, como a AT&T, a AOL Time Warner e a Comcast, por trás de sua carreira.

Família rica
Como Bush, Kerry é oriundo de uma influente e rica família norte-americana. Atualmente, é casado com uma das mulheres mais ricas dos EUA, a moçambicana naturalizada americana Tereza Heinz, herdeira de fábricas de uma das marcas de produtos alimentícios mais populares do país.
Enquanto procura se igualar a Bush como alternativa viável para defender os EUA em uma época de ameaças terroristas, Kerry vem dando tênues contornos liberais a seu discurso em questões morais e de costumes, como aborto e liberdade de orientação sexual.
Tudo muito contido, no entanto, para não afugentar o eleitor médio e conservador que vai decidir a eleição em novembro. (FCz)


Texto Anterior: Eleição nos EUA: Kerry tenta usar convenção para "decolar"
Próximo Texto: Eleição nos EUA: Brasileiros ilegais em Boston fogem da convenção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.