São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

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RIO +10

Negociadores tentam chegar a acordo antes do início de cúpula em Johannesburgo; polícia reprime manifestações

Delegados discutem questões controversas

DA ASSOCIATED PRESS

Delegados de governos de todo o mundo se reuniram em Johannesburgo (África do Sul) ontem para tentar resolver discordâncias antes do início da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, que começa amanhã.
O principal assunto sobre o qual os países não haviam chegado a um acordo até ontem era a exigência por parte de nações pobres de um compromisso firme por parte de Estados ricos de fornecer dinheiro a países em desenvolvimento para ajudá-los a melhorar o acesso de suas populações à água limpa e à energia.
Em um protesto contra esforços da polícia de restringir manifestações, cerca de 300 pessoas segurando velas tentaram marchar da Universidade de Witwatersrand, a cerca de 15 km do local da reunião, até a sede da polícia.
Policiais da tropa de choque bloquearam os manifestantes e jogaram três bombas de gás lacrimogêneo quando alguns tentaram romper o cordão de isolamento. Ninguém ficou ferido.
A polícia afirmou que o protesto era ilegal, já que os manifestantes não pediram autorização para marchar. Um documentarista que filmava o protesto foi preso.
Mais cedo, doze ativistas do Greenpeace haviam sido presos após escalar o muro de um edifício perto de uma usina nuclear a 1.200 km de Johannesburgo para protestar contra o uso de energia nuclear na África.
Quase 60 mil delegados e mais de cem líderes mundiais devem comparecer à cúpula, apelidada de Rio +10, para um balanço das iniciativas pela preservação do planeta desde a Eco-92, realizada há dez anos no Rio de Janeiro.
Washington respondeu a críticas de delegados e ativistas à decisão do presidente dos EUA, George W. Bush, de não comparecer ao encerramento da cúpula.
"Bush está há meses integralmente engajado e compromissado com a cúpula", disse John Turner, secretário-assistente de Estado para questões ambientais internacionais. "Mas há a necessidade de sua liderança nos EUA no campo da segurança, internacional e doméstica, e da economia."
Organizações da sociedade civil de todo o mundo estão se reunindo em um fórum paralelo em Johannesburgo. "Estamos aqui para dizer que o desenvolvimento sustentável é possível", disse Desmond Lesajane, o principal organizador do fórum de ONGs. "Com a vontade política necessária, isso pode ser feito."
Ele afirmou que planos para uma grande marcha de protesto no próximo sábado, do bairro pobre de Alexandra até o subúrbio rico de Sandton, onde a cúpula será realizada, permaneciam incertos, já que a polícia ainda não havia autorizado sua realização.
Ativistas acusam americanos e europeus de defender os interesses de grandes corporações à custa dos pobres do mundo.


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