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ÁSIA
Jornalista chinês é acusado de revelar "segredo de Estado" ao jornal norte-americano, que se diz "muito preocupado"
China detém repórter a serviço do "NY Times"
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O jornalista chinês Zhao Yan,
que trabalha como repórter no escritório do "New York Times" em
Pequim, foi preso pela polícia local sob a acusação de revelar segredos de Estado a estrangeiros,
crime que pode ser punido com
prisão perpétua.
Até ontem, Zhao estava incomunicável e mesmo seu advogado, Mo Shaoping, não tinha certeza sobre qual fato provocou a detenção.
Uma das hipóteses é a publicação de reportagem pelo "Times",
em 7 de setembro, segundo a qual
o ex-presidente Jiang Zemin iria
renunciar ao posto de comandante militar do país, o que de fato
ocorreu.
"Nós podemos afirmar de maneira categórica que o sr. Zhao
não revelou nenhum segredo de
Estado a nosso jornal", declarou
Susan Chira, editora de assuntos
internacionais.
Ela acrescentou que Zhao não
escrevia reportagens para o jornal. A maioria dos jornais estrangeiros na China contrata pessoas
para trabalhar como intérpretes
ou realizar pesquisas de apoio às
reportagens, caso de Zhao.
Antes de começar a trabalhar no
"Times", há quatro meses, o jornalista escrevia para a a publicação "China Reform", onde se notabilizou por posições críticas ao
governo. Zhao também passou
três anos na prisão por integrar o
grupo que tentou criar um partido de oposição.
Intervenção da Casa Branca
O advogado Mo Shaoping disse
à Folha que o caso ainda está na
fase de investigação pela polícia,
que vai determinar se a acusação
de revelar segredo de Estado tem
fundamento ou não. Só depois
disso, Mo terá autorização para
falar com seu cliente.
Segundo reportagem de ontem
do "Times", o editor-chefe do jornal, Bill Keller, pediu intervenção
da Casa Branca no caso e entrou
em contato com o governo chinês. "Nós estamos muito, muito
preocupados", disse Chira.
O jornalista foi preso no dia 17
de setembro e sua família só foi
notificada no dia 21. A detenção
ocorreu no segundo dos quatro
dias de reunião do Comitê Central do Partido Comunista que
consolidou a transição de poder
iniciada em novembro de 2002,
quando Hu Jintao substituiu
Jiang Zemin na Secretaria Geral
do partido. O processo continuou
em março de 2003, com a sucessão de Jiang por Hu na Presidência da China. O último passo foi a
transferência do comando militar, no domingo.
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