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TOLERÂNCIA ZERO
Chamada de "fascista" por alguns de seus opositores, lei aprovada restringe também a prostituição
Buenos Aires decide limitar flanelinha, cambista e piquete
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Depois de sete meses de polêmica, a Câmara Legislativa de Buenos Aires aprovou anteontem de
madrugada o novo "Código de
Convivência" da cidade, sua versão do "tolerância zero".
As abrangentes e rígidas regras
sociais prevêem até prisão para
cambistas, guardadores de carro,
camelôs, prostitutas e piqueteiros
-manifestantes que habitualmente fecham o trânsito na capital argentina.
A punição mais severa será para
os cambistas. A venda de ingressos fora da bilheteria poderá ser
punida com até 30 dias de prisão.
A prostituição terá de se restringir a lugares que distem pelo menos 200 metros de escolas, igrejas
e residências -ou seja, quase toda a cidade. O desrespeito será
punido com multa de até 400 pesos (o equivalente em reais) ou de
um a cinco dias de trabalho de utilidade pública.
"Isso é a volta do fascismo. Querem nos colocar em guetos", disse
Loana Berkinf, da Associação de
Luta pela Identidade Travesti
Transexual.
Piquete reprimido
Em relação ao veto a protestos
de rua, as multas de até mil pesos
ou trabalho comunitário serão
aplicadas a piqueteiros que não
avisarem às autoridades com antecedência sobre os atos programados e não obedecerem às indicações sobre locais que deverão
ter livre circulação.
Nestor Pitrola, líder da organização piqueteira Polo Obrero,
classificou o projeto de "ofensa
repressiva". Desde janeiro 2002,
os protestos de rua tornaram-se
um rotina em Buenos Aires. Somente no primeiro semestre foram registrados 530 piquetes.
Já a venda de bebidas alcóolicas
entre 23h e 8h será punida com
multa de até 5.000 pesos.
Também foram aprovadas punições -prisão de até 15 dias ou
multa de até 2.000 pesos- para
quem participem de rachas ou dirigir bêbado.
O porte de armas brancas ou
outros objetos cortantes será castigado com multa de até 3.000 pesos ou prisão de até 15 dias.
As novas regras devem começar
a vigorar quando forem sancionadas, o que deve ocorrer em quatro
meses. Depois desse prazo, os
guardadores de carro e vendedores ambulantes terão de ter autorização legal para exercer suas atividades.
As multas previstas para esses
dois casos serão aplicadas em dobro para os que organizam essas
atividades.
O novo código também prevê
punições para jogo clandestino e
ruídos que "perturbem a tranqüilidade pública".
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