São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Irmãos disputam cargo de líder do Partido Trabalhista

Novo chefe da oposição britânica deve ser eleito hoje, com a missão de reerguer o partido, derrotado em maio

5 candidatos buscam distância do legado de 13 anos dos governos de Tony Blair e Gordon Brown no Reino Unido

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O Partido Trabalhista britânico irá conhecer hoje seu novo líder, aquele que tentará reerguer a legenda após a derrota na eleição de maio.
São cinco os candidatos, mas a disputa por voto direto dos filiados está entre dois irmãos, David e Ed Miliband.
Em comum, eles querem se distanciar do passado recente do partido, representado por Gordon Brown e principalmente Tony Blair, apesar de terem sido ministros nos dois últimos governos.
Curiosamente, os 13 anos em que Blair e Brown estiveram no poder como primeiros-ministros foram os mais gloriosos para os trabalhistas no Reino Unido.
Foi o período mais longo em que o partido esteve no poder. Venceu também três eleições seguidas, um recorde para a agremiação.
Mas a guerra no Iraque acabou com a popularidade de Blair. Já a crise econômica e a derrota para os conservadores colocaram Brown no ostracismo.

GUINADA À ESQUERDA
Ao menos no discurso, o partido fará uma guinada de volta à esquerda. Os trabalhistas sempre foram ligados aos sindicatos, ao nacionalismo e à maior participação do Estado na economia.
Essas bandeiras foram deixadas de lado pelo "Novo Trabalhismo" de Blair, que tinha posição mais liberal e atraiu votos da classe média e pequenos empregadores.
Agora, na oposição, o partido quer voltar às origens.
Ed Miliband, 40, é considerado mais à esquerda que seu irmão. Tem o apoio dos sindicatos e já é chamado pelos conservadores de "Ed Red" (Ed vermelho).
Em suas propostas estão aumentos de impostos para os mais ricos e para os bancos e a criação de um tipo de programa de renda mínima.

APOIO ÀS GREVES
Ele também apoia a onda de greves previstas pelos sindicatos para protestar contra o corte de gastos que será apresentado pelo governo no mês que vem.
David, 45, vai mais ou menos na mesma linha, mas não quer endossar as greves.
Mesmo assim, defende o discurso mais à esquerda para conquistar os votos de parte dos eleitores do Partido Liberal-Democrata que ficaram descontentes quando este se uniu ao Conservador para formar a coalizão que governa o país hoje.
A figura do líder é extremamente importante no modelo de monarquia parlamentarista do Reino Unido.
Seu desempenho e seu carisma muitas vezes determinam a vitória ou derrota do partido na eleição dos membros da Câmara dos Comuns.
É ele também o indicado para ser premiê caso o partido obtenha a maioria das cadeiras no Parlamento.
A grande tarefa do novo líder será convencer os britânicos de que eles erraram ao trocar os trabalhistas pelos conservadores.
Por um lado, a tarefa parece fácil: o atual governo terá tempos difíceis nos próximos meses com a efetivação dos cortes, que vão gerar desemprego, reduzir benefícios e ameaçam levar o país de volta à recessão.
Por outro, muito difícil: o apoio à onda de greves e a mais impostos tende a reduzir ainda mais a popularidade dos trabalhistas.


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