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Irmãos disputam cargo de líder do Partido Trabalhista
Novo chefe da oposição britânica deve ser eleito hoje, com a missão de reerguer o partido, derrotado em maio
5 candidatos buscam distância do legado de 13 anos dos governos de Tony Blair e Gordon Brown no Reino Unido
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O Partido Trabalhista britânico irá conhecer hoje seu
novo líder, aquele que tentará reerguer a legenda após a
derrota na eleição de maio.
São cinco os candidatos,
mas a disputa por voto direto
dos filiados está entre dois irmãos, David e Ed Miliband.
Em comum, eles querem
se distanciar do passado recente do partido, representado por Gordon Brown e principalmente Tony Blair, apesar de terem sido ministros
nos dois últimos governos.
Curiosamente, os 13 anos
em que Blair e Brown estiveram no poder como primeiros-ministros foram os mais
gloriosos para os trabalhistas
no Reino Unido.
Foi o período mais longo
em que o partido esteve no
poder. Venceu também três
eleições seguidas, um recorde para a agremiação.
Mas a guerra no Iraque
acabou com a popularidade
de Blair. Já a crise econômica
e a derrota para os conservadores colocaram Brown no
ostracismo.
GUINADA À ESQUERDA
Ao menos no discurso, o
partido fará uma guinada de
volta à esquerda. Os trabalhistas sempre foram ligados
aos sindicatos, ao nacionalismo e à maior participação
do Estado na economia.
Essas bandeiras foram deixadas de lado pelo "Novo
Trabalhismo" de Blair, que
tinha posição mais liberal e
atraiu votos da classe média
e pequenos empregadores.
Agora, na oposição, o partido quer voltar às origens.
Ed Miliband, 40, é considerado mais à esquerda que
seu irmão. Tem o apoio dos
sindicatos e já é chamado pelos conservadores de "Ed
Red" (Ed vermelho).
Em suas propostas estão
aumentos de impostos para
os mais ricos e para os bancos e a criação de um tipo de
programa de renda mínima.
APOIO ÀS GREVES
Ele também apoia a onda
de greves previstas pelos sindicatos para protestar contra
o corte de gastos que será
apresentado pelo governo no
mês que vem.
David, 45, vai mais ou menos na mesma linha, mas
não quer endossar as greves.
Mesmo assim, defende o
discurso mais à esquerda para conquistar os votos de parte dos eleitores do Partido Liberal-Democrata que ficaram
descontentes quando este se
uniu ao Conservador para
formar a coalizão que governa o país hoje.
A figura do líder é extremamente importante no modelo
de monarquia parlamentarista do Reino Unido.
Seu desempenho e seu carisma muitas vezes determinam a vitória ou derrota do
partido na eleição dos membros da Câmara dos Comuns.
É ele também o indicado
para ser premiê caso o partido obtenha a maioria das cadeiras no Parlamento.
A grande tarefa do novo líder será convencer os britânicos de que eles erraram ao
trocar os trabalhistas pelos
conservadores.
Por um lado, a tarefa parece fácil: o atual governo terá
tempos difíceis nos próximos
meses com a efetivação dos
cortes, que vão gerar desemprego, reduzir benefícios e
ameaçam levar o país de volta à recessão.
Por outro, muito difícil: o
apoio à onda de greves e a
mais impostos tende a reduzir ainda mais a popularidade dos trabalhistas.
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