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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Presidente colombiano terá sua popularidade posta à prova num referendo, hoje, e em eleições pelo país, amanhã

Uribe começa a enfrentar testes eleitorais

DA REDAÇÃO

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrenta um teste a partir de hoje em duas votações neste final de semana no país, que teve 29 candidatos mortos desde o início do ano e contará com um efetivo de segurança de 270 mil homens durante as eleições.
Na primeira votação, a população decidirá num referendo se aprova 15 medidas políticas e econômicas pretendidas pelo governo, como o congelamento, pelo período de dois anos, dos vencimentos e aposentadorias de servidores públicos que recebem acima de dois salários mínimos.
Amanhã, haverá eleições para governador e o Legislativo dos Departamentos (Estados) e para prefeito e o Legislativo de todas as cidades. Na capital, Bogotá, um candidato de oposição ao governo Uribe tem ligeiro favoritismo.
Caso não consiga a aprovação das medidas que pretende implantar, com o objetivo de diminuir gastos públicos e fazer reformas políticas, o presidente sofrerá seu principal revés. Desde sua posse, em maio de 2002, ele tem feito campanha pelo referendo.
As eleições de domingo também poderão se transformar num problema para Uribe, um político de direita cujo combate à guerrilha o levou a registrar 75% de aprovação em recente pesquisa.
Em Bogotá, lidera as pesquisas para a prefeitura o esquerdista Luis Eduardo Garzón, ex-líder da Central Unitária dos Trabalhadores e derrotado na eleição presidencial de 2002. Se Lucho, como é conhecido, ganhar, será uma das mais significativas vitórias da esquerda colombiana, o que dará força no cenário nacional a um opositor da linha militarista de Uribe, financiada pelos EUA.
Ainda fazem parte do referendo questões como a diminuição do número de cadeiras no Congresso, de 268 para 218, e a perda do mandato de congressistas que, por exemplo, faltarem às sessões ou negociarem suborno. O objetivo é combater a corrupção.
O governo também espera economizar cerca de US$ 7 bilhões em sete anos com as medidas incluídas no referendo. Para que ele seja válido, é necessária a participação de cerca de 6,25 milhões de pessoas (25% do eleitorado). O voto não é obrigatório no país.
Uma pesquisa de opinião divulgada ontem pelo jornal "El Tiempo" mostrou que a tendência está indefinida. O levantamento também indicou que de 20% a 28% dos eleitores devem participar.
Os opositores do referendo, como Lucho, fazem campanha pela abstenção, argumentando que as medidas agravarão a pobreza.
Já os partidários, com participação ativa de Uribe, tentam associar a votação à política do governo de combate ao terrorismo dos grupos guerrilheiros. "O único motivo para não votar é a perda de memória", estamparam em anúncios. Também argumentam que, sem as medidas, as finanças públicas entrarão em colapso.
"Eu não diria que o referendo resolverá nossos problemas. Não vai, não fará milagres, mas é um passo na direção certa", afirmou o presidente. Apesar da importância que dá ao referendo, Uribe já se comprometeu a respeitar a vontade popular e não encaminhar ao Congresso as medidas que não forem aprovadas.
No aspecto da segurança, a Federação Colombiana de Municípios divulgou que, dos 207 candidatos que desistiram, 50 alegaram ameaças e tentativas de atentado. Também havia 13 sequestrados.
Em Hacarí (norte), os 22 candidatos ao Legislativo municipal declararam ter desistido por causa de ameaças do grupo guerrilheiro terrorista Farc. Os paramilitares também alvejam os políticos. Segundo a ministra da Defesa, Marta Lucía Ramírez, em quatro dos 1.098 municípios não haveria eleições por insegurança.


Com agências internacionais

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