São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Ação é comparada exageradamente à de Nixon

DE WASHINGTON

Se o contra-ataque de Barack Obama aos opositores começa a dar resultados, a reação a ele ameaça alienar parte de sua base e pelo menos afastar setores da imprensa que até agora evitaram ser críticos demais ao político. Poucas horas depois de o presidente democrata comparar a Fox News a "talk-radio", jornalistas se solidarizavam contra o tratamento dispensado pela Casa Branca a um repórter da emissora.
Na quinta, a todas as cinco principais emissoras foi oferecida entrevista com um funcionário graduado da Secretaria do Tesouro -menos ao jornalista da Fox News. Quando souberam da discriminação, os convidados resolveram boicotar o evento. Diante da reação negativa, o governo recuou. "Todas as emissoras disseram, "nesse caso, vocês foram longe demais'", disse Chip Reid, correspondente na Casa Branca da CBS News, um dos inicialmente convidados.
Alguns empresários ligados à Câmara de Comércio também vieram a público reclamar da pressão obamista. Em entrevista ao "Wall Street Journal" de ontem, o presidente da entidade, Tom Donohue, ameaçou fechar a torneira de milhões de dólares que a câmara doa todos os anos também às campanhas de políticos democratas, principalmente os moderados.
Isso fez com que esses membros do partido de Obama também criticassem a atitude do presidente. São os que concorrem à reeleição no ano que vem, quando o Congresso renova parte de suas cadeiras. "É um erro", disse Jason Altmire, representante (deputado) da Pensilvânia, referindo-se aos ataques públicos. "Não fica bem para a Casa Branca entrar nesse jogo de toma-lá-dá-cá."
Com ele concordam alguns analistas políticos. Alguns lembraram -com uma boa dose de exagero, dada a natureza das duas Presidências- da famosa "lista de inimigos" do republicano Richard Nixon (1969-1974), que deixou o governo em desgraça. Ruth Marcus, do "Washington Post", escreveu que a coisa toda tinha "um aroma nixoniano inconfundível". David Zurawik, do "Baltimore Sun", fez a mesma comparação. Ken Rudin, da NPR, usou outro neologismo: "quase nixonesco" -ele depois se desculparia.
Outros, como Lamar Alexander, terceiro republicano mais graduado do Senado, começam a usar termos mais sérios, como "abuso de poder federal" e "mentalidade de bunker". "Há alguma evidência disso", disse. Alexander deve saber do que fala: em 1969, ele fez parte do time de Nixon. (SD)


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