|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ação é comparada exageradamente à de Nixon
DE WASHINGTON
Se o contra-ataque de Barack
Obama aos opositores começa
a dar resultados, a reação a ele
ameaça alienar parte de sua base e pelo menos afastar setores
da imprensa que até agora evitaram ser críticos demais ao
político. Poucas horas depois
de o presidente democrata
comparar a Fox News a "talk-radio", jornalistas se solidarizavam contra o tratamento dispensado pela Casa Branca a um
repórter da emissora.
Na quinta, a todas as cinco
principais emissoras foi oferecida entrevista com um funcionário graduado da Secretaria
do Tesouro -menos ao jornalista da Fox News. Quando souberam da discriminação, os
convidados resolveram boicotar o evento. Diante da reação
negativa, o governo recuou.
"Todas as emissoras disseram,
"nesse caso, vocês foram longe
demais'", disse Chip Reid, correspondente na Casa Branca da
CBS News, um dos inicialmente convidados.
Alguns empresários ligados à
Câmara de Comércio também
vieram a público reclamar da
pressão obamista. Em entrevista ao "Wall Street Journal" de
ontem, o presidente da entidade, Tom Donohue, ameaçou fechar a torneira de milhões de
dólares que a câmara doa todos
os anos também às campanhas
de políticos democratas, principalmente os moderados.
Isso fez com que esses membros do partido de Obama também criticassem a atitude do
presidente. São os que concorrem à reeleição no ano que
vem, quando o Congresso renova parte de suas cadeiras. "É
um erro", disse Jason Altmire,
representante (deputado) da
Pensilvânia, referindo-se aos
ataques públicos. "Não fica
bem para a Casa Branca entrar
nesse jogo de toma-lá-dá-cá."
Com ele concordam alguns
analistas políticos. Alguns lembraram -com uma boa dose de
exagero, dada a natureza das
duas Presidências- da famosa
"lista de inimigos" do republicano Richard Nixon (1969-1974), que deixou o governo em
desgraça. Ruth Marcus, do
"Washington Post", escreveu
que a coisa toda tinha "um aroma nixoniano inconfundível".
David Zurawik, do "Baltimore
Sun", fez a mesma comparação.
Ken Rudin, da NPR, usou outro
neologismo: "quase nixonesco"
-ele depois se desculparia.
Outros, como Lamar Alexander, terceiro republicano mais
graduado do Senado, começam
a usar termos mais sérios, como "abuso de poder federal" e
"mentalidade de bunker". "Há
alguma evidência disso", disse.
Alexander deve saber do que fala: em 1969, ele fez parte do time de Nixon.
(SD)
Texto Anterior: Obama contra-ataca com guinada populista Próximo Texto: Retorno de Zelaya à Presidência opõe hondurenhos, diz pesquisa Índice
|