São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011

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PF investiga italiano que faria festas de Berlusconi

Empresário é citado como agenciador de prostitutas; ele tem negócios no Rio

Segundo promotores de Nápoles, Valter Lavitova teria extorquido premiê; Interpol espera ordem de prisão da Itália

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

A Pesqueira de Barra de São João, à beira de um rio em Rio das Ostras (a 170 km ao norte do Rio), chama a atenção pelo tamanho logo que se chega ao município.
De acordo com a investigação de policiais italianos, a empresa é a parte visível no Brasil de um dos principais envolvidos no escândalo, que em 2009, relacionou o primeiro-ministro Silvio Berlusconi a festas com prostitutas: o empresário Valter Lavitola. Lavitola, que comprou a pesqueira em 2004 por R$ 400 mil, é acusado pela Promotoria de Nápoles de extorquir Berlusconi.
O preço: US$ 1 milhão. Um mandado de prisão foi expedido contra ele na Itália.
A Inteligência da Polícia Federal já tem informações de que Lavitola visita o Brasil. A Interpol, no entanto, ainda não foi informada pelo governo italiano do mandado de prisão. Apenas com isso pode tentar prendê-lo.
Jornalista e editor, Lavitola já foi apresentado por Berlusconi como seu assistente particular.
Depoimento do empresário Gianpaolo Tarantini, um dos organizadores das festas frequentadas por Berlusconi, revelou que Lavitola contratava garotas para os eventos com o premiê.
A situação preocupa as colônias de italianos no Rio e em São Paulo. Temem um novo desgaste entre os dois países, após a decisão da Justiça brasileira de não extraditar Cesare Battisti, acusado de atos terroristas.
Em 15 de setembro, promotores de Nápoles entregaram à Justiça um relatório com mais de 100 mil mensagens interceptadas.
Nelas, agentes da Digos, a unidade especializada em investigar máfias e terrorismo, descobriram os investimentos de Lavitola no Brasil.
Antes do escândalo, a pesqueira chegava a exportar oito toneladas de pescado por mês e a lucrar R$ 2 milhões.
De acordo com policiais, 90% da carga vinda do Espírito Santo seguia, depois de processada, para a Itália e os outros 10% para os Estados Unidos.

CONSULTOR
Segundo os agentes, com o escândalo, em 2009, a primeira medida de Lavitola foi sair do quadro societário, apesar da suspeita de que ainda mande na pesqueira.
Uma funcionária se apresentou à Folha e disse que Lavitola deixou a região há um ano. Segundo ela, os proprietários estão na Itália e retornam em novembro.
Policiais federais têm informações de que, nos últimos dois anos, ele manteve as visitas a Rio das Ostras.
Evita ir à empresa, mas, quando visita o município, observa a pesqueira da casa construída a cerca de 250 metros. Já foi visto por agentes na casa de italianos em Ipanema e na Urca, zona sul carioca.
Atualmente, seu paradeiro é desconhecido -a Folha não conseguiu encontrá-lo. Uma interceptação telefônica, em setembro, constatou a presença dele na Bulgária.
Além de editor da revista "Avanti", o italiano também foi consultor de um conglomerado de segurança.



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