São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2001

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Discriminados, hazaras têm sua história marcada por massacres

DA REDAÇÃO

Os hazaras, etnia mais discriminada no Afeganistão, sofreram diversos massacres nos últimos 200 anos. Um deles, em 1998, quase provocou uma guerra com o vizinho Irã, que enviou 70 mil soldados à fronteira para uma ação militar que ao final foi evitada. Tanto o Irã quanto os hazaras são majoritariamente muçulmanos xiitas.
A morte de cerca de 8.000 hazaras e de nove diplomatas iranianos na cidade afegã de Mazar-e-Sharif (norte) foi relatada pela organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional.
A Anistia acusou o movimento extremista islâmico Taleban de matar "milhares de civis" na área de Mazar-e-Sharif, embora relatos apontassem como responsável o grupo islâmico Hezbi, aliado do Taleban e também da etnia pashtu (majoritária no Afeganistão). Testemunhas disseram que os corpos de pelo menos um grupo de civis composto por mais de mil homens, mulheres e crianças foram atirados numa vala comum nos arredores da cidade.
Apesar da carnificina, o então líder da oposição ao Taleban, Ahmad Massoud (tadjique), disse: "Não perdemos Mazar-e-Sharif. O comandante de Mazar nos traiu. Ele se vendeu. Entregou a cidade ao inimigo por uns poucos dólares". Já antes dos atentados de 11 de setembro nos EUA, os hazaras comandavam ofensivas isoladas para tentar recuperar Mazar-e-Sharif.
Outra estratégia do Taleban, além dos massacres, era impedir a chegada de alimento às regiões onde se concentram os hazaras.
Membros do Taleban, grupo de maioria muçulmana sunita, levavam algumas mulheres xiitas a suas casas para servirem de escravas e se casarem com aliados.
Garotos xiitas a partir de 12 anos e mulheres eram enviados a campos de prisioneiros.
(PAULO DANIEL FARAH)


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