São Paulo, sábado, 25 de dezembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

"Post" divulga reportagem afirmando que Powell pediu mais soldados a Bush e Blair em novembro

Rumsfeld faz visita-surpresa ao Iraque

Blair Larson/Associated Press
Donald Rumsfeld, secretário da Defesa, cumprimenta soldados em hospital militar em Mossul, durante sua visita-surpresa ao Iraque


DA REDAÇÃO

O secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, que vem sendo alvo de fortes críticas nos EUA, fez uma visita-surpresa na véspera de Natal ao Iraque.
A viagem secreta de Rumsfeld incluiu visitas a Mossul, onde uma base militar foi alvo de atentado nesta semana que deixou 22 mortos e dezenas de feridos, a Fallujah, palco de ampla operação militar em novembro, e a Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein.
No mesmo dia, o diário americano "The Washington Post" divulgou reportagem afirmando que o secretário de Estado, Colin Powell, advertiu em novembro o presidente George W. Bush e o premiê britânico, Tony Blair, de que era necessário aumentar o contingente militar no Iraque.
Segundo assessores de Rumsfeld, a ida a Mossul já estava prevista mesmo antes do ataque e somente não havia sido tornada pública por razões de segurança.
Diferentemente do que ocorreu duas semanas atrás em uma base dos EUA no Kuait, quando militares deixaram Rumsfeld na defensiva sobre o desempenho dos EUA no Iraque, desta vez o secretário ouviu apenas perguntas e declarações positivas.
Sobre o ataque à base militar, Rumsfeld disse: "Não tenho dúvidas de que muitos daqueles [insurgentes] que estavam em Fallujah vieram para Mossul".
Um soldado perguntou a Rumsfeld como "a propaganda de guerra" contra a ofensiva dos EUA estava funcionando.
O secretário aproveitou a oportunidade para criticar os jornalistas. "Essa questão não me parece uma daquelas que são plantadas por jornalistas", disse.
No Kuait, há duas semanas, um soldado disse a Rumsfeld que os militares no Iraque estavam sofrendo com a falta de proteção, dizendo inclusive que não havia blindagem para muitos veículos, deixando o secretário em uma situação constrangedora. Depois verificou-se que a declaração do soldado havia sido formulada por um jornalista.
"Acredito que o país entende que nós perdemos 3.000 pessoas no 11 de Setembro e o fato de que [os que, segundo ele, atacaram os EUA] vivem nesta parte do mundo", disse Rumsfeld, ao relacionar os ataques contra Pentágono e World Trade Center a terroristas que atuariam no Iraque -dado que jamais foi comprovado.
Os EUA nomearam ontem o general Richard Formica para investigar o ataque em Mossul. O FBI (polícia federal dos EUA) -cuja jurisdição se restringe ao território dos EUA- deve auxiliar nas investigações.
Três marines foram mortos em confrontos em Fallujah. Um site islâmico informou que choques na cidade deixaram 24 mortos, a maioria árabe não-iraquiana.

Powell
A informação de que Powell reclamou do reduzido número de tropas dos EUA no Iraque foi dada ao "Washington Post" por autoridades americanas que não se identificaram e que presenciaram o encontro dele com Blair e Bush.
Segundo uma das autoridades, Powell foi duro e afirmou: "Nós não temos tropas suficientes. Não controlamos o terreno". A outra autoridade disse que ele não foi tão duro.
Powell fez a advertência dia 12 de novembro, dez dias após a eleição nos EUA e três antes de ele anunciar sua renúncia -que já estava prevista. Três semanas após o encontro, os EUA aumentaram o contingente no Iraque em 12 mil militares, para 150 mil.

Com agências internacionais


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