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Etiópia ataca Somália para combater forças islâmicas do país
Bombardeios aéreos matam mais de 500 militantes do poder paralelo e dez soldados do governo de transição somali; há risco de invasão de países vizinhos
Mohamed Sheikh Nor/Associated Press
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Meninos somalis deixam Baidoa para fugir de combates, que se acirraram com bombardeios |
DA REDAÇÃO
Aviões da Etiópia atacaram
ontem a Somália, destruindo
um centro de recrutamento para militantes islâmicos e reforçando temores de que uma
guerra regional comece. Pela
primeira vez, a Etiópia reconheceu suas intenções militares contra a Somália.
Forças do governo somali
mataram 500 soldados islâmicos, a maioria deles da Eritréia,
em dois dias de combate, segundo Abdikarin Farah, embaixador somali na Etiópia. Dez
soldados do governo foram
mortos, e 13 ficaram feridos,
enquanto 280 inimigos foram
presos -entre eles, paquistaneses, afegãos e sudaneses.
A ação etíope foi condenada
pela União Européia.
De acordo com testemunhas,
os aviões bombardearam diversas cidades, enquanto tanques
etíopes invadiram o território
somali sob controle de forças
islâmicas, na costa do país. "Os
etíopes estão fazendo tudo voar
pelos ares", disse Mohammed
Hussein Galgal, um comandante islâmico em Beledweyne,
perto da fronteira com a Etiópia. Oficiais etíopes disseram
ontem terem perdido a paciência com os líderes islâmicos,
que declararam guerra e, segundo eles, almejam transformar a Somália em um campo
para recrutar combatentes
contrários à Etiópia.
"O que vocês esperam que façamos? Esperar que ataquem
nossas cidades?" disse Zemedkun Tekle, porta-voz do Ministério da Informação etíope. Segundo ele, o contra-ataque da
Etiópia visa proteger a autonomia e a estabilidade do país.
A Somália tem dois governos
adversários: o fraco e internacionalmente reconhecido como governo de transição, sediado em Baidoa, e as forças islâmicas, um movimento popular
que controla boa parte do país,
inclusive a capital, Mogadishu.
Desde que os islâmicos chegaram ao poder, em junho, a
Etiópia está cada vez mais envolvida com a política interna
da Somália, na tentativa de proteger o governo de transição do
avanço das forças islâmicas.
A disputa entre os dois grupos se acirrou na semana passada. Segundo testemunhas, os
soldados islâmicos, adolescentes, não seriam páreo para as
forças governamentais, adultas
e profissionais. A Etiópia detém a mais poderosa força militar da região, treinada e fundada com ajuda norte-americana.
Oficiais dos EUA apóiam a
decisão etíope de enviar soldados à Somália, pois crêem que
esta a melhor maneira de deter
a expansão do poder islâmico,
que os norte-americanos acusam de abrigar terroristas.
Oficiais etíopes vinham negando combater forças na Somália, afirmando que sua atuação estava limitada à presença
de alguns militares. Isso, porém, mudou ontem, quando
testemunhas afirmaram que
aviões etíopes de combate foram vistos cruzando o céu de
várias cidades somalis.
Os ataques de ontem não vieram como uma surpresa. A
questão agora parece ser se a
Etiópia irá até Mogadishu para
tentar aniquilar os militantes
islâmicos -há o temor de que
as ações marquem o início de
uma longa insurgência ou forcem uma negociação com o governo de transição.
Envolvimento regional
O que complica a questão é a
presença de soldados estrangeiros na Somália e o aumento
potencial de uma invasão de
países vizinhos. Oficiais estimam que haja milhares de soldados da Eritréia, país arquiinimigo da Somália e que luta do
lado islâmico, além de mercenários muçulmanos do Iêmen,
Egito, Síria e Líbia, que desejam
transformar a Somália no terceiro pólo da jihad, depois do
Iraque e do Afeganistão.
A Somália, quase inteiramente muçulmana, e a Etiópia,
em boa parte cristã, tiveram
confrontos sangrentos durante
anos. Ambos se enfrentaram
em uma guerra costeira em
1977 e em 1978, quando forças
somalis tentaram conquistar
uma área de fronteira e acabaram desmoralizadas pelos soldados etíopes. Os colapsos levaram à queda do governo central, em 1991, seguidos por 15
anos de anarquia.
Com "New York Times" e agências internacionais
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