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IRAQUE
Aliados prefeririam nova resolução da ONU, mas apoiariam ação sem ela, diz Powell; mídia fala em ação fulminante em março
EUA dizem que 12 países apóiam ataque
DA REDAÇÃO
Os EUA disseram ontem que ao
menos 12 países apoiarão um ataque contra o Iraque mesmo sem
uma nova resolução da ONU. Segundo o jornal "The Washington
Post" e a TV CBS, o plano militar
dos EUA prevê um ataque fulminante contra Bagdá no final de fevereiro ou em março.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que os aliados dos EUA prefeririam uma nova resolução da ONU autorizando
o uso da força contra o Iraque para forçar o país a se desarmar, mas
que apoiariam Washington numa
guerra mesmo sem ela.
"Há vários países que já indicaram que gostariam de outra resolução, mas eles estarão conosco
mesmo sem ela", disse Powell, a
caminho do Fórum Econômico
Mundial em Davos (Suíça). "Nós
não estaremos sozinhos, isso é
certeza. Posso contar ao menos 12
países de memória, mas acho que
haverá mais", afirmou Powell,
que não quis identificar os países.
Os chefes dos inspetores de armas da ONU darão ao Conselho
de Segurança (CS) amanhã um
balanço dos primeiros 60 dias de
seus trabalhos no Iraque. Segundo eles, a cooperação do Iraque
tem sido boa, mas, segundo o jornal "The New York Times", o sueco Hans Blix, chefe dos inspetores, dirá que Bagdá falhou em dar
um relato completo de seus programas de armas de destruição
em massa, proibidos pela ONU.
Os EUA sugeriram anteontem
que podem dar mais algumas semanas aos inspetores para atuarem no Iraque, como pedem
França, Alemanha, China, Rússia
e outros países do CS contrários a
uma ação militar agora.
Segundo a TV ABC, o plano militar dos EUA prevê para março
um ataque com 300 a 400 mísseis
Cruise contra Bagdá no início de
uma ofensiva fulminante contra o
ditador Saddam Hussein. O número é maior do que todos os
mísseis desse tipo lançados contra
o Iraque nos 40 dias de duração
da Guerra do Golfo (91). O plano
prevê o mesmo número de mísseis no segundo dia.
Segundo a TV CBS, o plano,
chamado "choque e espanto", está centrado na "destruição psicológica da vontade de lutar do inimigo, não na destruição de suas
forças militares". Segundo a TV, o
plano busca alvejar a liderança
iraquiana, "contornando as divisões iraquianas sempre que possível". O Pentágono não quis comentar a reportagem.
Já o "Post" disse que, apesar do
grande número de tropas e equipamento militar na região do Golfo, só agora os EUA estão enviando forças de combate, e uma força
de ataque para invadir o Iraque só
estará pronta no final de fevereiro
ou no começo de março.
Inspetores
Em Bagdá, um homem com três
facas tentou invadir o escritório
dos inspetores da ONU, mas foi
detido por seguranças que o entregaram a autoridades iraquianas. Em outro incidente, um homem com um computador portátil tentou parar um comboio de
inspetores da ONU. Ele também
foi entregue às autoridades locais.
Interrogatório de três cientistas
iraquianos pela ONU previsto para ontem foi suspenso por divergências entre o Iraque e a organização, disse a agência de notícias
France Presse. A divergência teria
ocorrido porque os cientistas se
recusaram a ser interrogados sem
a presença de funcionários do governo iraquiano.
A Casa Branca acusou o Iraque
anteontem de desafiar a ONU ao
impedir que cientistas sejam interrogados pelos inspetores sem a
presença de observadores do governo.
Blix, o chefe dos inspetores, deixou o Iraque na segunda-feira
passada sem que o país tenha esclarecido falhas na declaração de
armas de destruição em massa
que entregou à ONU, seguindo
exigência de resolução do CS.
Blix e o egípcio Mohamed El Baradei, chefe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica),
ligada à ONU, devem dizer ao CS
amanhã que a cooperação iraquiana até aqui foi insuficiente.
"Estamos dizendo o que sempre
falamos, que a cooperação foi satisfatória, mas que o Iraque precisa fazer muito mais", afirmou
Mark Gwozdecky, porta-voz de El
Baradei.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, que tem demonstrado
impaciência com o processo de
inspeções, fará o anual discurso
do estado da União na terça-feira,
onde deve ameaçar Saddam e tentar preparar os americanos para a
guerra, disseram assessores. Pesquisas indicam que a maioria nos
EUA acha que o presidente ainda
não fundamentou bem a necessidade de atacar o Iraque agora.
Em seu pronunciamento semanal de rádio, Bush prometeu ontem proteger os EUA de "grupos
terroristas e regimes fora-da-lei",
como a Al Qaeda e o Iraque.
"Tomaremos todas as medidas
necessárias para proteger o povo
americano de grupos terroristas e
regimes fora-da-lei. O mundo depende da força e da determinação
da América, e nós assumiremos
nossas responsabilidades com a
paz", disse ele no rádio.
Com agências internacionais.
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