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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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IRAQUE

Aliados prefeririam nova resolução da ONU, mas apoiariam ação sem ela, diz Powell; mídia fala em ação fulminante em março

EUA dizem que 12 países apóiam ataque

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem que ao menos 12 países apoiarão um ataque contra o Iraque mesmo sem uma nova resolução da ONU. Segundo o jornal "The Washington Post" e a TV CBS, o plano militar dos EUA prevê um ataque fulminante contra Bagdá no final de fevereiro ou em março.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que os aliados dos EUA prefeririam uma nova resolução da ONU autorizando o uso da força contra o Iraque para forçar o país a se desarmar, mas que apoiariam Washington numa guerra mesmo sem ela.
"Há vários países que já indicaram que gostariam de outra resolução, mas eles estarão conosco mesmo sem ela", disse Powell, a caminho do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça). "Nós não estaremos sozinhos, isso é certeza. Posso contar ao menos 12 países de memória, mas acho que haverá mais", afirmou Powell, que não quis identificar os países.
Os chefes dos inspetores de armas da ONU darão ao Conselho de Segurança (CS) amanhã um balanço dos primeiros 60 dias de seus trabalhos no Iraque. Segundo eles, a cooperação do Iraque tem sido boa, mas, segundo o jornal "The New York Times", o sueco Hans Blix, chefe dos inspetores, dirá que Bagdá falhou em dar um relato completo de seus programas de armas de destruição em massa, proibidos pela ONU.
Os EUA sugeriram anteontem que podem dar mais algumas semanas aos inspetores para atuarem no Iraque, como pedem França, Alemanha, China, Rússia e outros países do CS contrários a uma ação militar agora.
Segundo a TV ABC, o plano militar dos EUA prevê para março um ataque com 300 a 400 mísseis Cruise contra Bagdá no início de uma ofensiva fulminante contra o ditador Saddam Hussein. O número é maior do que todos os mísseis desse tipo lançados contra o Iraque nos 40 dias de duração da Guerra do Golfo (91). O plano prevê o mesmo número de mísseis no segundo dia.
Segundo a TV CBS, o plano, chamado "choque e espanto", está centrado na "destruição psicológica da vontade de lutar do inimigo, não na destruição de suas forças militares". Segundo a TV, o plano busca alvejar a liderança iraquiana, "contornando as divisões iraquianas sempre que possível". O Pentágono não quis comentar a reportagem.
Já o "Post" disse que, apesar do grande número de tropas e equipamento militar na região do Golfo, só agora os EUA estão enviando forças de combate, e uma força de ataque para invadir o Iraque só estará pronta no final de fevereiro ou no começo de março.

Inspetores
Em Bagdá, um homem com três facas tentou invadir o escritório dos inspetores da ONU, mas foi detido por seguranças que o entregaram a autoridades iraquianas. Em outro incidente, um homem com um computador portátil tentou parar um comboio de inspetores da ONU. Ele também foi entregue às autoridades locais.
Interrogatório de três cientistas iraquianos pela ONU previsto para ontem foi suspenso por divergências entre o Iraque e a organização, disse a agência de notícias France Presse. A divergência teria ocorrido porque os cientistas se recusaram a ser interrogados sem a presença de funcionários do governo iraquiano.
A Casa Branca acusou o Iraque anteontem de desafiar a ONU ao impedir que cientistas sejam interrogados pelos inspetores sem a presença de observadores do governo.
Blix, o chefe dos inspetores, deixou o Iraque na segunda-feira passada sem que o país tenha esclarecido falhas na declaração de armas de destruição em massa que entregou à ONU, seguindo exigência de resolução do CS.
Blix e o egípcio Mohamed El Baradei, chefe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, devem dizer ao CS amanhã que a cooperação iraquiana até aqui foi insuficiente.
"Estamos dizendo o que sempre falamos, que a cooperação foi satisfatória, mas que o Iraque precisa fazer muito mais", afirmou Mark Gwozdecky, porta-voz de El Baradei.
O presidente dos EUA, George W. Bush, que tem demonstrado impaciência com o processo de inspeções, fará o anual discurso do estado da União na terça-feira, onde deve ameaçar Saddam e tentar preparar os americanos para a guerra, disseram assessores. Pesquisas indicam que a maioria nos EUA acha que o presidente ainda não fundamentou bem a necessidade de atacar o Iraque agora.
Em seu pronunciamento semanal de rádio, Bush prometeu ontem proteger os EUA de "grupos terroristas e regimes fora-da-lei", como a Al Qaeda e o Iraque.
"Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano de grupos terroristas e regimes fora-da-lei. O mundo depende da força e da determinação da América, e nós assumiremos nossas responsabilidades com a paz", disse ele no rádio.


Com agências internacionais.


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