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Traqueostomia definitiva depende da gravidade do mal de Parkinson
MARINA DELLA VALLE
DA REDAÇÃO
O papa João Paulo 2º deve ficar
algumas semanas com a cânula
inserida anteontem em sua traquéia na operação de traqueostomia a que foi submetido. No entanto há uma chance de que o
pontífice fique permanentemente
com a cânula: se o mal de Parkinson que o acomete for severo o suficiente para comprometer os
músculos do local.
O Vaticano e os médicos não especificaram quanto tempo ele deve ficar com a cânula. "Existem
dois tipos de traqueostomia: a
temporária e a definitiva. A temporária é feita quando as obstruções das vias respiratórias são reversíveis, como infecções. A definitiva é feita em casos irreversíveis, como câncer, por exemplo",
diz o pneumologista Roberto Stirbulov, da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa.
"No caso do papa, uma traqueostomia definitiva se explicaria por uma disfunção muscular
da laringe causada pelo Parkinson. Caso contrário, ele deve ter a
cânula retirada", afirma.
"Ele precisaria sofrer de um
quadro extremamente severo de
Parkinson para ter os músculos
dessa região afetados dessa maneira", afirma o neurologista Egberto Reis Barbosa, livre-docente
da USP e especialista em mal de
Parkinson.
"É muito difícil que a doença
cause a necessidade de uma traqueostomia definitiva. Os doentes podem ter dificuldades para
respirar, mas um comprometimento desse gênero é raro. É uma
possibilidade, mas é difícil."
O pontífice está impedido de falar no momento, mas, mesmo
que tenha de ficar permanentemente com a cânula, não deve
perder a capacidade de falar.
"Existem treinamentos para que
o paciente aprenda a falar com
traqueostomia definitiva", afirma
Stirbulov. Caso a traqueostomia
seja reversível, ele deve voltar a falar normalmente.
A gripe é uma das principais
causas de morte em doentes de
Parkinson por causa das complicações indiretas que o mal traz ao
quadro. Segundo o professor Bruno Bergamasco, diretor do Departamento de Neurologia de Turim (Itália), o papa "foi vítima de
uma rápida aceleração de todos
os transtornos". Para ele, o sumiço do tremor de suas mãos se deve
"a um aumento da rigidez dos órgãos". O risco, nesse caso, seria
um edema pulmonar.
Com agências internacionais
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