São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2005

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Traqueostomia definitiva depende da gravidade do mal de Parkinson

MARINA DELLA VALLE
DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º deve ficar algumas semanas com a cânula inserida anteontem em sua traquéia na operação de traqueostomia a que foi submetido. No entanto há uma chance de que o pontífice fique permanentemente com a cânula: se o mal de Parkinson que o acomete for severo o suficiente para comprometer os músculos do local.
O Vaticano e os médicos não especificaram quanto tempo ele deve ficar com a cânula. "Existem dois tipos de traqueostomia: a temporária e a definitiva. A temporária é feita quando as obstruções das vias respiratórias são reversíveis, como infecções. A definitiva é feita em casos irreversíveis, como câncer, por exemplo", diz o pneumologista Roberto Stirbulov, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.
"No caso do papa, uma traqueostomia definitiva se explicaria por uma disfunção muscular da laringe causada pelo Parkinson. Caso contrário, ele deve ter a cânula retirada", afirma.
"Ele precisaria sofrer de um quadro extremamente severo de Parkinson para ter os músculos dessa região afetados dessa maneira", afirma o neurologista Egberto Reis Barbosa, livre-docente da USP e especialista em mal de Parkinson.
"É muito difícil que a doença cause a necessidade de uma traqueostomia definitiva. Os doentes podem ter dificuldades para respirar, mas um comprometimento desse gênero é raro. É uma possibilidade, mas é difícil."
O pontífice está impedido de falar no momento, mas, mesmo que tenha de ficar permanentemente com a cânula, não deve perder a capacidade de falar. "Existem treinamentos para que o paciente aprenda a falar com traqueostomia definitiva", afirma Stirbulov. Caso a traqueostomia seja reversível, ele deve voltar a falar normalmente.
A gripe é uma das principais causas de morte em doentes de Parkinson por causa das complicações indiretas que o mal traz ao quadro. Segundo o professor Bruno Bergamasco, diretor do Departamento de Neurologia de Turim (Itália), o papa "foi vítima de uma rápida aceleração de todos os transtornos". Para ele, o sumiço do tremor de suas mãos se deve "a um aumento da rigidez dos órgãos". O risco, nesse caso, seria um edema pulmonar.


Com agências internacionais


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