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Ativista cubano é enterrado sob cerco militar
Governo detém cidadãos que queriam participar de funeral, no leste da ilha, de militante morto na terça após greve de fome
Ao deixar Havana, Lula não volta a comentar episódio, mas reitera apelo a Obama para que ponha fim ao embargo econômico a Cuba
Franklin Reyes/Associated Press
![](../images/e2602201001.jpg) |
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Dissidentes cubanos organizam vigília em Havana em homenagem a preso político Orlando Zapata Tamayo, morto na terça-feira após 85 dias de greve de fome
DA REDAÇÃO
O prisioneiro político cubano
Orlando Zapata Tamayo, que
morreu na terça após fazer 85
dias de greve de fome, foi enterrado ontem em Banes, cidade
de sua família, a 850 km de Havana, em meio a um forte esquema de segurança oficial. Segundo ativistas de direitos humanos, o governo cubano fez
várias detenções breves para
impedir que oposicionistas
participassem da cerimônia.
Zapata, 42, morreu horas antes de o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva aterrissar em Cuba em visita oficial. O caso ganhou o repúdio imediato dos
EUA e da União Europeia, que
cobraram a libertação dos estimados 200 prisioneiros políticos do regime castrista.
Pouco depois das 7h da manhã de ontem, partiu o cortejo
de Zapata rumo ao cemitério de
Banes, no leste da ilha. Ao contrário do que a família queria, o
caixão foi escoltado por agentes
de segurança. "Gritamos liberdade! Orlando vive em nossos
corações. Cantamos também o
hino nacional", contou à Folha
a bibliotecária opositora Marta
Díaz Rondón, 46.
Díaz fez parte do grupo que
entrou cedo na casa do preso
político, ainda antes de seu corpo chegar à cidade, no final da
tarde de anteontem. Disse ter
entrado com um irmão de Zapata e acusou a polícia de cobrar identificação aos que queriam participar da cerimônia.
Antes de deixar Havana ontem e seguir para o Haiti, Lula
fez um apelo ao presidente dos
EUA, Barack Obama, cobrando
"ousadia" para que acabe com o
bloqueio comercial imposto
desde 1962 a Cuba. Ao lado de
Lula anteontem, o dirigente
máximo de Cuba, Raúl Castro,
"lamentou" a morte do operário condenado a 36 anos de prisão por, entre outros delitos,
desacato a autoridade, e culpou
os EUA pelo episódio.
Em entrevista à imprensa
cubana, Lula disse que Obama
deveria agir como os americanos que o elegeram. "Estou
convencido de que o presidente Obama, que ganhou as eleições em Miami [sede da principal comunidade cubana nos
EUA], deveria tomar essa decisão. Eu tenho dito, com todo o
respeito, que ele não tem que
fazer nada mais do que fez o
povo americano que teve ousadia de votar no Obama."
Diferentemente da véspera,
quando lamentara a morte de
Zapata, mas dissera não ter recebido a carta de dissidentes
cubanos pedindo para que ele
intercedesse pelo preso, Lula
não comentou o caso.
"Foi decepcionante, e Lula
não foi nem original. Recentemente, entregamos uma carta
na Embaixada da África do Sul
endereçada a Nadine Gordimer. Ela também disse que não
recebeu", afirmou Mirian Leiva, uma das promotoras da carta. Prêmio Nobel de Literatura,
Gordimer participou neste mês
da Feira do Livro de Havana.
A oposição ao governo Lula
paralisou ontem as votações no
plenário da Câmara em protesto contra a presença do presidente em Cuba. Rodrigo Maia
(PMDB-RJ) quer convocar o
presidente do BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social) para explicar quais os critérios usados
para definir os empréstimos
brasileiros ao país.
Com agências internacionais e SIMONE IGLESIAS, enviada especial a Havana
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