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VENEZUELA
Acerto com a oposição, citado pelo presidente brasileiro em encontro, havia sido rejeitado pelo governo venezuelano
Lula pressiona Chávez a aceitar acordo
ANDRÉ SOLIANI
WILSON SILVEIRA
ENVIADOS ESPECIAIS A RECIFE
Durante encontro ontem em
Recife, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva pressionou o seu par
venezuelano, Hugo Chávez, a
aceitar um acordo de paz com a
oposição que o seu governo vetou. Não é a primeira vez que a intransigência de Chávez nas negociações com a oposição incomoda
o governo brasileiro.
"Esperamos que [o projeto de
acordo] possa ser aceito como base para que os venezuelanos encontrem eles próprios uma solução constitucional, pacífica, democrática e eleitoral para os problemas de seu país", afirmou Lula
durante o discurso que havia sido
preparado previamente.
À noite, Chávez disse que "na
Venezuela há uma Constituição e
não falta assinar nenhum acordo
para que ela seja cumprida", deixando claro sua posição.
O tema também foi tocado durante a reunião privada entre os
dois presidentes. No seu pronunciamento, Chávez não sinalizou
se as cobranças brasileiras surtirão efeito.
Anteontem, o vice venezuelano,
José Vicente Rangel, disse que o
governo vetaria o projeto de acordo assinado por representantes
de Chávez e da oposição.
O documento, apresentado no
dia 11 pela OEA (Organização dos
Estados Americanos), era o resultado de cinco meses de negociações entre governo e oposição sobre a crise política na Venezuela,
mediadas pelo secretário-geral da
organização, César Gaviria. A recusa de Rangel alimentou as dúvidas sobre uma votação a respeito
do mandato de seis anos de Chávez, previsto para terminar em
dezembro de 2007.
O referendo é uma das principais reivindicações da oposição
venezuelana, que promoveu uma
greve de 63 dias, entre dezembro e
janeiro passados, para exigir a renúncia do presidente.
Desde do fim da greve, Chávez
se fortaleceu no poder e passou a
ter atitudes que desagradaram ao
Itamaraty. A primeira foi as críticas de Chávez à composição do
Grupo de Amigos da Venezuela,
iniciativa liderada pelo Brasil.
O Grupo de Amigos, composto
pelo Brasil, EUA, Portugal, Espanha, México e Chile, foi criado para facilitar o diálogo entre a oposição e o governo. Chávez insistiu,
sem sucesso, pela ampliação do
grupo para incluir países como
Cuba, França e Rússia, com o objetivo de enfraquecer os EUA.
As cobranças de Lula foram, no
entanto, amenizadas pela troca de
elogios mútuos. "Quando regressar à Venezuela, pode dizer que o
povo da Venezuela e governo da
Venezuela têm no povo brasileiro
e no governo brasileiro um amigo
de verdade."
Chávez retribuiu: "Da minha
humilde trincheira torço para que
os primeiros cem dias exitosos de
governo se transformem em quatro anos de sucesso".
Guerra
Chávez também engrossou as
críticas que Lula fez à decisão dos
Estados Unidos de atacar o Iraque
sem o aval da ONU. No seu pronunciamento, Lula disse "lamentar o uso da força [pelos EUA] sem a autorização expressa do
Conselho de Segurança das Nações Unidas". Chávez afirmou
que o "poder de veto [dos países
membros permanentes do CS]
desmoronou com a decisão unilateral dos EUA".
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