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Israel acusa líder árabe de traição
Bishara, que renunciou a seu mandato de deputado há poucos dias, é investigado por suposta ajuda ao inimigo
Caso aumenta tensão entre a maioria judia e os árabes israelenses, que compõem um quinto da população e reclamam de discriminação
DA REDAÇÃO
O ex-deputado árabe israelense Azmi Bishara está sendo
investigado por crimes contra a
segurança do país, entre eles o
de passar informações sensíveis ao inimigo durante a Segunda Guerra do Líbano, travada no ano passado entre Israel e
o grupo radical xiita Hizbollah.
O caso aumenta a desconfiança entre a maioria judia e os
árabes israelenses, que compõem um quinto da população
de 7,1 milhões do país e há anos
reclamam de discriminação.
Bishara, o mais eloqüente
porta-voz dessa queixa, renunciou a seu mandato de deputado no último fim de semana, no
meio de uma viagem por países
árabes em que disse ser vítima
de perseguição política.
Segundo o porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld, Bishara deixou o país após
ter sido interrogado duas vezes
e ter descumprido outras intimações para depor. Não voltou
desde então, passando a ser
considerado fugitivo.
A investigação, que só foi divulgada ontem, após a suspensão parcial de uma ordem de sigilo judicial, inclui suspeitas
como ajuda ao inimigo em tempo de guerra, transferência de
inteligência ao inimigo e lavagem de dinheiro.
Estado binacional
Bishara, 50, natural de Nazaré, é um dos 12 deputados árabes no Parlamento israelense.
Foi eleito pela primeira vez em
1996 e, desde então, já protagonizou diversas polêmicas, com
sua estridente defesa de um Estado binacional e visitas a líderes inimigos de Israel.
Após uma viagem em 2001 à
Síria, onde participou de uma
homenagem póstuma ao ditador Hafez Assad, Bishara teve a
imunidade cassada pelo Parlamento. Também foi acusado de
incitação à violência e apoio ao
Hizbollah. Em ambos os casos,
porém, o Supremo israelense
deu ganho de causa a Bishara.
Reagindo à investigação, ele
voltou ontem a acusar Israel de
perseguição política. "O "establishment" em Israel está tentando transformar conexões
pessoais e políticas nos países
árabes em violações à segurança do país", disse o ex-deputado, no Qatar, à TV Al Jazeera.
Bishara é investigado num
momento de reaquecimento do
antigo debate sobre o status
dos cidadãos árabes de Israel e
o suposto paradoxo de um Estado que é, ao mesmo tempo,
democrático e judeu. A nomeação do primeiro árabe muçulmano para integrar o gabinete
israelense, no início do ano, não
arrefeceu a discussão.
Nos últimos meses, intelectuais árabes de Israel lançaram
manifestos para exigir não só
igualdade, mas a criação de um
Estado multicultural que elimine as referências judaicas de
símbolos nacionais, como a
bandeira e o hino.
Com agências internacionais
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