São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998

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REFORMA
Cidade é administrada por conselhos regionais; prefeito único representaria melhor candidatura olímpica
Referendo decide se Londres terá prefeito

ISABEL VERSIANI
de Londres

No próximo dia 7 de maio, os londrinos vão decidir, por um referendo, se passarão a ter direito a eleger um prefeito próprio.
Se, como indicam as pesquisas de opinião, a medida for aprovada, as eleições para o cargo serão realizadas no segundo semestre do ano que vem ou no início do ano 2000.
Londres é hoje uma das poucas capitais do Ocidente que não têm um prefeito eleito pela população. Desde 1986, quando a então primeira-ministra conservadora, Margaret Thatcher, aboliu o conselho central da Grande Londres, a cidade é administrada por 32 conselhos administrativos locais.
Essas autoridades, eleitas pelo voto direto, são responsáveis pelos principais serviços públicos, com exceção de transporte e policiamento.
O principal argumento a favor da criação da nova prefeitura é o de que Londres precisaria ter um político para representar os seus grandes interesses, que fogem da esfera local.
O exemplo usado repetidamente é o da candidatura da cidade para sede das Olimpíadas de 2008, que hoje estaria negligenciada por falta de coordenação.
O governo argumenta que o sistema de transporte também teria a ganhar se estivesse aos cuidados de um órgão político, que teria mais força para captar recursos. Hoje, o setor está a cargo do London Transport (transporte de Londres).
Assembléia
Além da prefeitura, também deverá ser criada uma assembléia de 25 membros, a quem caberá aprovar os planos e orçamentos do prefeito. Os membros da assembléia também serão eleitos por voto direto.
No referendo do dia 7, os eleitores londrinos estarão opinando, com um único voto, sobre a criação do cargo de prefeito e da assembléia.
Alguns parlamentares criticam esse sistema. Para eles, os eleitores deveriam ter a opção de ser favoráveis à prefeitura, mas contrários à assembléia, ou vice-versa.
O governo argumenta que a assembléia é essencial para o bom funcionamento da prefeitura e que não faria sentido, portanto, criar um dos órgãos sem criar o outro.
As autoridades locais continuarão a existir independentemente da criação da prefeitura. As eleições para os próximos mandatos também ocorrerão no próximo dia 7.
Além da área de transporte e projetos de promoção da cidade, o novo prefeito também será responsável por policiamento, brigada de incêndio e programas ligados ao meio ambiente. Na prática, o cargo não terá muito poder, mas muita influência política.
O Orçamento anual da prefeitura será de US$ 5,61 bilhões. Segundo o governo, a maior parte desses recursos serão repassados de orçamentos de outros órgãos, hoje responsáveis por funções administrativas.
Os gastos para montar a estrutura do novo cargo serão de US$ 34 milhões, mais US$ 34 milhões anuais de manutenção. Essas despesas serão cobertas principalmente por uma taxa municipal extra que será cobrada dos londrinos.
Se a idéia da prefeitura se mostrar popular em Londres, o governo britânico afirma que pretende estender o direito de voto para prefeito para outras grandes cidades do país.



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