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ARTIGO
O aventureiro Amir Klink relata a influência exercida pelo explorador francês e por sua expedição à Antártida
Jacques Cousteau nunca envelhecia
AMIR KLINK
especial para a Folha
Jacques Cousteau, inventor da
atividade de mergulho como a conhecemos hoje, também foi um
dos meus principais inspiradores.
Neste ano, em minha última viagem à Antártida, por exemplo,
carreguei um livro seu. Na península Antártica, fiz um roteiro muito semelhante ao dele, que viajou
para lá no verão de 72 e 73. A bordo
do legendário Calypso, Cousteau
socorreu o primeiro viajante solitário da Antártida, David Lewis,
mas interrompeu a viagem depois
que o barco, de madeira, chocou-se com um bloco de gelo.
"Calypso", livro de Cousteau
sobre seu barco de pesquisas que,
aliás, é o meu preferido, foi capaz
de transformar o barco num personagem da cultura oceânica.
Sempre o imaginei como um grande navio, mas ele tinha apenas
42m. E, com esse barco e orçamentos reduzidos, Cousteau produziu
filmes e técnicas cinematográficas
que não foram alcançadas nem
por produções mais caras.
Seus filmes, que assisto há mais
de 30 anos, popularizaram a ciência, mostrando que ela era um excelente palco para explorações.
Ajudaram a criar o apego ao meio
ambiente e ao nosso habitat.
Minha mãe, Asa, que era fã de
Cousteau antes de mim, dizia que
quem mantém atividades físicas e
intelectuais regulares não envelhece. Era verdade: desde a primeira
vez que o vi, ele era o mesmo.
Não o conheci pessoalmente. Em
duas oportunidades, poderia ter
tentado conversar com ele, mas
havia tanta gente que resolvi
aguardar uma oportunidade melhor, que infelizmente não poderá
mais acontecer. Era impossível
não admirar suas viagens, seus filmes e seu trabalho. E isso não morre, está tudo registrado.
Amir Klink, 42, é navegador e autor, entre outros, de "Paratii" (Companhia das Letras)
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