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HOLLYWOOD
Filme ainda inédito sobre Paixão de Cristo estimularia ódio a judeus, diz entidade americana; cineasta nega
Mel Gibson é acusado de anti-semitismo
DA REDAÇÃO
O cineasta Mel Gibson foi publicamente alertado anteontem
por uma entidade norte-americana de combate ao ódio religioso e
racial que o roteiro de seu filme
"The Passion" (a Paixão), ainda
inédito e que narra as últimas horas da vida de Jesus Cristo, "está
repleto de informações contestáveis", que podem insuflar o ódio
aos judeus. Gibson nega.
O filme foi rodado na Itália no
início do ano e seus diálogos estão
em latim e aramaico.
A entidade, a ADL (Liga Anti-Difamação, na sigla em inglês),
submeteu em abril a versão inicial
do roteiro a um grupo de teólogos
e especialistas. Faziam parte do
grupo representantes da Conferência dos Bispos dos EUA.
O parecer final, ao qual os católicos não subscreveram, sob o argumento de que preferem assistir
ao filme antes de se manifestar,
afirma que a obra é calcada numa
visão ultrapassada e preconceituosa do texto bíblico.
Por essa visão, os judeus foram
responsáveis pelo deicídio (assassinato de Jesus). Ela não leva em
conta a repressão do Império Romano a lideranças carismáticas
da Palestina e tampouco o fato de,
no momento da crucificação de
Jesus, os cristãos não existirem
ainda como comunidade organizada. Integravam culturalmente o
judaísmo, do qual se originaram.
O episódio da Paixão de Cristo é
visto modernamente com esse
enfoque por algumas igrejas
evangélicas e protestantes. Também essa é a visão do Vaticano.
Associar a crucificação de Jesus
a um crime dos judeus, diz a ADL,
levou no passado ao recrudescimento cíclico do anti-semitismo.
Gibson, que é católico fervoroso, já publicara, havia dias, uma
nota na qual disse que seu filme
não possui mensagem anti-semita. Questionado em entrevista recente se seu filme poderá irritar os
judeus, ele respondeu: "Pode ser.
O objetivo não é esse. O objetivo é
apenas contar a verdade".
Para a ADL, no entanto, o cineasta deveria seguir o exemplo
da TV CBS, que a consultou antes
de editar a versão final da recente
minissérie sobre Adolf Hitler.
O cineasta, prossegue a entidade, deveria completar a perspectiva cinematográfica que tem do
episódio histórico com o conhecimento de o quanto as simplificações se traduziram, no passado,
por ondas de anti-semitismo.
A entidade afirma por fim que,
tal como previsto no roteiro, os
judeus apareceriam "como sedentos de sangue, sádicos, avaros
e inimigos de Jesus".
Com agências internacionais
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