São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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EUA

Para a ex-estagiária da Casa Branca com quem o ex-presidente teve um caso extraconjugal, ele "é um revisionista da história"

Clinton mentiu em livro, afirma Lewinsky

Mike Appleton - 2.nov.2003/Associated Press
Monica Lewinsky, ex-estagiária com quem Clinton teve caso


DA ASSOCIATED PRESS, EM LONDRES

A ex-estagiária Monica Lewinsky é o tema das partes mais comentadas da autobiografia de Bill Clinton, lançada nesta semana, mas não está contente com o que o ex-presidente americano escreveu a seu respeito.
Em entrevista ao tablóide britânico "The Daily Mail", Lewinsky descreveu como desonesto o relato que Clinton fez do relacionamento dos dois e disse que ele é um "revisionista da história" que perdeu a oportunidade de desfazer parte dos danos que a relação entre eles causou a ela.
"Ele poderia ter endireitado as coisas com o livro", disse Lewinsky ao jornal. "Mas não o fez. Ele é um revisionista da história. Ele mentiu."
Lewinsky, a ex-estagiária da Casa Branca cujo caso com Clinton (1993-2001) levou ao processo de impeachment do então presidente, disse que a descrição que ele fez da relação deles em seu livro recém-lançado "Minha Vida" cria a impressão de que o namoro foi fruto de iniciativa exclusivamente dela e que a relação era puramente física.
"Eu não esperava realmente que ele entrasse em detalhes sobre nossa relação", disse Lewinsky. "Mas, se ele o tivesse feito, e o tivesse feito honestamente, eu não teria me incomodado. Eu esperava que ele pelo menos corrigisse as declarações falsas que fez quando estava tentando proteger a Presidência. Em vez disso, ele fala como se eu tivesse simplesmente me oferecido inteira, a troco de nada. Como se eu fosse o bufê, e ele não tivesse conseguido resistir à sobremesa."
"Não foi assim. Houve um relacionamento mútuo, mútuo em todos os níveis, desde a maneira como começou e como continuou. Não aceito que ele tenha profanado meu caráter totalmente", declarou Lewinsky.

"Parte obscura"
Clinton escreveu em seu livro que seu caso com Lewinsky trouxe à tona "a parte mais obscura" de sua "vida interior" e que levou sua mulher, Hillary, a bani-lo temporariamente do quarto de dormir da Casa Branca para um sofá próximo.
No programa "60 Minutes", da TV americana CBS, Clinton disse que se envolveu com Lewinsky "pelo pior motivo possível: simplesmente porque eu podia".

Mentirosa, louca, estúpida
Lewinsky, 30, observou que, quando os promotores começaram a pressioná-la para que falasse do caso com o presidente, ela tinha a mesma idade que a filha dele, Chelsea, tem hoje.
"Como ele se sentiria se sua filha fosse denegrida pela pessoa com quem ela tivera um relacionamento? Uma pessoa que negou o relacionamento para salvar-se? Se ela fosse chamada de mentirosa, perseguidora, louca, estúpida?"
O "Daily Mail" disse que entrevistou Lewinsky, que vive em Nova York, num local não revelado nos EUA onde ela está hospedada até a onda de publicidade em torno de Clinton diminuir -o livro vendeu mais de 400 mil exemplares somente no lançamento, no dia 23, um recorde para o primeiro dia de venda de uma obra de não-ficção nos EUA.
O jornal não respondeu, quando indagado, se remunerou Lewinsky pela entrevista, algo que é prática comum na imprensa britânica.


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