São Paulo, domingo, 26 de junho de 2011

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Governo faz ato paralelo para desviar foco de protesto

DO ENVIADO A BAGDÁ

O governo iraquiano não reprimiu, mas tentou atrapalhar o protesto de anteontem na praça Tahrir de Bagdá.
Como havia feito no derradeiro ato de 10 de junho, promoveu um ato paralelo pró-governo, só que não houve violência desta vez.
O esquema de segurança já era forte às 8h, quando os primeiros manifestantes chegaram: eram parentes de vítimas da violência dos anos pós-invasão americana.

PRAÇA ISOLADA
Os soldados isolaram a praça, que tem como marco um grande painel com figuras de bronze representando a "libertação" (daí seu nome em árabe) da monarquia pelas mãos de um golpe militar em 1958. Eles traziam um grande bastão de madeira e várias algemas plásticas.
Num dado momento, o clérigo xiita Muayed al Asam apareceu para ouvir as queixas dos que já começavam a gritar contra a corrupção.
Ele é protegido do radical Muqtada al Sadr, e sua presença mostra que os religiosos estão de olho nas praças.
Às 9h, chegada apoteótica dos quatro detidos no ato de 27 de maio. Foram carregados até o gradil do centro da praça, de onde comandaram aos berros a manifestação.
"Bagdá voltará a ser grande", "Nuri [al Maliki, o premiê], ouça", "Aqui não é Candahar", "Chega de corrupção", eram alguns dos gritos. Algo entre 600 e 800 pessoas, segundo conta não-científica, estavam lá.
O calor escorchante de mais de 40 graus fazia a alegria de vendedores de água, cobrando o dobro do usual US$ 1 por garrafa.
Às 11h houve tensão, quando cerca de 200 manifestantes pró-governo chegaram sem passar pela checagem militar normal.
Eram os mesmos do conflito do dia 10: membros da tribo tamim, apoiando Maliki e pedindo a execução de terroristas que atacaram um casamento do grupo em 2006.
Em marcha, com direito a um líder servindo de guia e "diretor de cena", eles cercaram os manifestantes, mas logo estavam concentrados no canto oposto da praça.
Deram entrevistas a TVs locais, espalharam cartões com números de "serviços de direitos humanos" do governo e foram embora ""seguidos pelos outros, meia hora depois. (IG)

FOLHA.com
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