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ÁFRICA
Tropas americanas darão apoio a missão de paz formada por países africanos; capital é bombardeada por rebeldes
EUA enviam navios para Libéria; morteiros matam 26
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, anunciou ontem o envio
de um número limitado de soldados americanos para a Libéria,
mas, ao menos inicialmente, eles
não desembarcarão no país. Permanecerão em navios fundeados
diante de Monróvia (capital) para
dar cobertura a uma missão de
paz composta por soldados de
países da África ocidental, em especial da Nigéria, prevista para
chegar nos próximos dias.
Enquanto Bush fazia o anúncio,
Monróvia, cercada por tropas rebeldes, era atingida ontem por diversos morteiros. Eles caíram em
ruas do centro -numa escola lotada de refugiados e dentro do
terreno ocupado pela embaixada
dos EUA-, matando ao menos
26 pessoas e ferindo mais de 200.
Na última segunda-feira, cerca
de cem pessoas foram mortas em
combates na capital.
"Só acreditaremos que os soldados dos EUA virão nos ajudar
quando os enxergarmos com os
nossos olhos", disse Sylvester Blamo, um dos milhares que buscaram refúgio perto da missão diplomática americana.
Há semanas, os habitantes da
capital pedem o envio de tropas
dos EUA, enquanto combatentes
rebeldes lançam sucessivos ataques com o objetivo de depor o
presidente Charles Taylor, acusado de crimes de guerra.
Funcionários de agências de
ajuda humanitária e o próprio secretário-geral da ONU, o ganense
Kofi Annan, também pressionaram a Casa Branca.
A população considera que os
EUA têm uma obrigação moral
de ajudar a Libéria, fundada há
mais de 150 anos por escravos libertos americanos e há 14 anos
em guerra civil praticamente ininterrupta.
"Estamos muito preocupados
porque a situação dos liberianos
está ficando pior e pior e pior",
disse Bush, em Washington. Segundo o Pentágono, três navios
da Marinha com centenas de militares serão enviados à costa do
país. Mas não estava claro ontem
se desembarcarão no país.
Por meio de seu porta-voz, Annan qualificou como uma "medida importante" a decisão de Bush
de mandar navios ao país e pediu
ajuda a outros países.
Dos cerca de 20 morteiros lançados sobre a cidade ontem, um
atingiu o pátio de uma escola que
abrigava centenas de refugiados.
Sete pessoas morreram imediatamente, entre elas um menino de
11 anos, e uma oitava morreu
pouco depois. Outro caiu dentro
do terreno da embaixada dos
EUA, mas não fez vítimas.
O presidente Taylor refugiou-se
em sua casa de praia e enviou suas
tropas para tentar impedir que os
rebeldes atravessassem as pontes
que dão acesso à capital.
Bush voltou a pedir a renúncia
de Taylor, processado por um tribunal da ONU que investiga crimes de guerra na vizinha Serra
Leoa. Ao aceitar um cessar-fogo,
em junho, o líder liberiano havia
prometido renunciar, mas só
após a chegada de tropas de paz.
Ele já descumpriu promessas anteriores de deixar o poder.
Países da África ocidental deverão fazer parte da missão de paz,
com aproximadamente 3.250 integrantes. Cerca de 1.300 soldados
da Nigéria, o maior país da região,
já estariam em condições de viajar
para Monróvia.
Segundo o enviado da ONU ao
país, Jacques Paul Klein, um batalhão de 770 soldados nigerianos
chegará à Libéria dentro de uma
semana ou dez dias, o mesmo
tempo estimado para a chegada
dos navios americanos.
Os EUA anunciaram também
que farão uma contribuição inicial de US$ 10 milhões para a força
de estabilização.
Com agências internacionais
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