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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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ÁFRICA

Tropas americanas darão apoio a missão de paz formada por países africanos; capital é bombardeada por rebeldes

EUA enviam navios para Libéria; morteiros matam 26

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou ontem o envio de um número limitado de soldados americanos para a Libéria, mas, ao menos inicialmente, eles não desembarcarão no país. Permanecerão em navios fundeados diante de Monróvia (capital) para dar cobertura a uma missão de paz composta por soldados de países da África ocidental, em especial da Nigéria, prevista para chegar nos próximos dias.
Enquanto Bush fazia o anúncio, Monróvia, cercada por tropas rebeldes, era atingida ontem por diversos morteiros. Eles caíram em ruas do centro -numa escola lotada de refugiados e dentro do terreno ocupado pela embaixada dos EUA-, matando ao menos 26 pessoas e ferindo mais de 200.
Na última segunda-feira, cerca de cem pessoas foram mortas em combates na capital.
"Só acreditaremos que os soldados dos EUA virão nos ajudar quando os enxergarmos com os nossos olhos", disse Sylvester Blamo, um dos milhares que buscaram refúgio perto da missão diplomática americana.
Há semanas, os habitantes da capital pedem o envio de tropas dos EUA, enquanto combatentes rebeldes lançam sucessivos ataques com o objetivo de depor o presidente Charles Taylor, acusado de crimes de guerra.
Funcionários de agências de ajuda humanitária e o próprio secretário-geral da ONU, o ganense Kofi Annan, também pressionaram a Casa Branca.
A população considera que os EUA têm uma obrigação moral de ajudar a Libéria, fundada há mais de 150 anos por escravos libertos americanos e há 14 anos em guerra civil praticamente ininterrupta.
"Estamos muito preocupados porque a situação dos liberianos está ficando pior e pior e pior", disse Bush, em Washington. Segundo o Pentágono, três navios da Marinha com centenas de militares serão enviados à costa do país. Mas não estava claro ontem se desembarcarão no país.
Por meio de seu porta-voz, Annan qualificou como uma "medida importante" a decisão de Bush de mandar navios ao país e pediu ajuda a outros países.
Dos cerca de 20 morteiros lançados sobre a cidade ontem, um atingiu o pátio de uma escola que abrigava centenas de refugiados. Sete pessoas morreram imediatamente, entre elas um menino de 11 anos, e uma oitava morreu pouco depois. Outro caiu dentro do terreno da embaixada dos EUA, mas não fez vítimas.
O presidente Taylor refugiou-se em sua casa de praia e enviou suas tropas para tentar impedir que os rebeldes atravessassem as pontes que dão acesso à capital.
Bush voltou a pedir a renúncia de Taylor, processado por um tribunal da ONU que investiga crimes de guerra na vizinha Serra Leoa. Ao aceitar um cessar-fogo, em junho, o líder liberiano havia prometido renunciar, mas só após a chegada de tropas de paz. Ele já descumpriu promessas anteriores de deixar o poder.
Países da África ocidental deverão fazer parte da missão de paz, com aproximadamente 3.250 integrantes. Cerca de 1.300 soldados da Nigéria, o maior país da região, já estariam em condições de viajar para Monróvia.
Segundo o enviado da ONU ao país, Jacques Paul Klein, um batalhão de 770 soldados nigerianos chegará à Libéria dentro de uma semana ou dez dias, o mesmo tempo estimado para a chegada dos navios americanos.
Os EUA anunciaram também que farão uma contribuição inicial de US$ 10 milhões para a força de estabilização.


Com agências internacionais


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