|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com carta à ONU, Irã tenta reiniciar diálogo nuclear
Teerã diz querer esclarecer seu programa atômico e anuncia disposição em conversar "imediatamente"
Promessa surge após encontro de iraniano com chanceleres turco e brasileiro; Europa adota hoje novas sanções
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Dizendo-se disposto a reiniciar "imediatamente" as
negociações sobre seu programa nuclear, o Irã afirmou
que enviará hoje uma carta à
AIEA (agência de energia
atômica da ONU) esclarecendo as dúvidas sobre o pacto
de troca de urânio firmado
com Brasil e Turquia.
O anúncio foi feito após
encontro entre os chanceleres de Irã, Brasil e Turquia em
Istambul. Em seguida, o brasileiro Celso Amorim viajou
para Jerusalém, onde afirmou que o diálogo nuclear
entre Irã e as potências deve
ser retomado em setembro.
A ideia é que as negociações tenham início logo após
o fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã, em meados de setembro, segundo informou o governo turco.
O ponto de partida das negociações é a declaração assinada pelo Irã em maio, em
parceria com Brasil e Turquia, na qual aceita depositar 1.200 kg de urânio levemente enriquecido em território turco, em troca de combustível para uso médico no
reator nuclear de Teerã.
O acordo foi rejeitado pelas potências, sob a alegação
de não dar garantias de que o
Irã ficaria impossibilitado de
produzir uma bomba atômica, que Teerã nega querer.
Em junho, uma resolução
foi aprovada no Conselho de
Segurança da ONU com novas sanções contra Teerã,
que teve apenas dois votos
contrários, do Brasil e da Turquia. Os esforços agora são
para que o acordo alinhavado pelos dois países com o Irã
possa ser aproveitado como
base para o novo diálogo.
"Amanhã [hoje] a carta será enviada à AIEA em Viena",
disse ontem o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki.
"Podemos então começar
imediatamente a negociar a
troca de combustível."
A manobra do Irã ocorre
em meio ao aumento da pressão sobre o país. Hoje a UE
(União Europeia) aprovará
um novo pacote de sanções,
que vai além do que foi decidido pela ONU em junho e
pretende atingir o ponto
mais sensível da economia
iraniana, o setor de energia.
De acordo com um diplomata europeu ouvido pela
agência de notícias France
Presse, trata-se das sanções
mais duras contra qualquer
país já aprovadas pela UE.
As punições incluem a
proibição a novos investimentos e a assistência técnica no setor de energia.
Apesar de ser o quarto produtor de petróleo do mundo,
o Irã importa 40% de sua gasolina, já que carece de capacidade de refino para atender
à demanda doméstica.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reagiu
com uma ameaça. "Qualquer
um que aplicar medidas contra a nação iraniana deve saber que o Irã reagirá prontamente", afirmou.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Papel do Brasil: Potências dão "sinais ambíguos" Índice
|